Cataldo Aquila Sicolo, EPISTOLE CATALDI. Lisboa, 1500.
De extrema raridade. Enc. em marroquim vermelho com estojo da mesma cor; tem junto alguns documentos sobre esta edição, notadamente a carta de um membro da Kommission für den Gesamtkatalog der Wiegendrucke, de 24-11-1933.
D. Manuel não se ocupou deste livro, cuja reedição se impõe como documento sem par do nosso Pré-Humanismo.
Marco Paulo, HO LIURO DE NYCOLAO VENETO. O TRALLADO DA CARTA DE HUG GENOUES DAS DITAS TERRAS.
Lisboa, Valentim Fernandes, 1502.
Além da minuciosa descrição bibliográfica, D. Manuel dedicou a este livro, que reputava “sem dúvida um dos mais raros e dos mais importantes que se publicaram em Portugal no séc. XVI”, um largo excurso (Liv. Ant. Port., I, pp. 111-157). Nele se ocupa, principalmente, do conhecimento que da obra houve em Portugal durante o séc. XV, e da sua conexão com os Descobrimentos, correndo a erudição com a pureza de quem utiliza fontes originais e se esforça por esclarecer os problemas com objetividade.
A REGRA E DIFFINÇOÕES DA ORDEM DO MESTRADO DE NOSSO SENHOR IESU CHRISTO.
S. 1. n. d.
A crítica já havia inculcado que este livro, do qual existem duas edições, tinha sido impresso em Lisboa, em 1504, por Valentim Fernandes. As observações de D. Manuel confirmam penetrantemente este parecer (Liv. Ant. Port., I, pp. 165-195), que é seguido de um excurso histórico sobre a Ordem de Cristo.
OS AUTOS DOS APOSTOLOS.
Lisboa, Valentim Fernandes, 1505.
O artigo que D. Manuel dedicou a este livro (Livros Ant. Port., I, pp. 183-195), que merece ser estudado sob o ponto de vista filológico e até sob o da continuidade da influência da obra de Afonso X, o Sábio, e do qual somente se conhecem dois exemplares, é notável pelas observações paleotipográficas e pela discriminação e exposição dos problemas histórico-literários que o texto suscita.
MISSALE SECUNDUM CONSUETUDINEM ELBORENSIS ECCLESIE NOUITER IMPRESSUM.
Lisboa, Germão Galharde, 1509.
A data de 1509 parece ter sido impressa por equívoco, dado que o impressor ainda se não havia estabelecido em Portugal neste ano.
REGRA: STATUTOS & DIFFINÇOËS: DA ORDEM DE SANCTIAGUO.
Setúbal, Hermaõ de Campos, 1509.
Além da descrição tipográfica e da observação sobre as transformações do apelido do impressor alemão Kempen, em Kempis, Kempos e Campos, sobressaem no artigo que D. Manuel dedicou a este livro (Liv. Ant. Port., I, pp. 197-218), as páginas relativas à história da Ordem de S. Tiago em Portugal.
[Juan Pastrana], GRÃMATICA PASTRANE.
Lisboa, João Pedro Bonhomini de Cremona, 1512.
“Esta edição de 1512 é desconhecida de todos os bibliófilos, sendo muito possível que o nosso espécime seja o único que hoje exista”, escreveu D. Manuel acerca deste exemplar de um compêndio que entre nós teve mais duas edições nos princípios de Quinhentos (1501 e 1513). O artigo que lhe dedicou nos Livros Ant. Port., I, pp. 221-237, contém as mais substanciosas páginas sobre o impressor desta edição, que aguarda quem a estude sobre o ponto de vista histórico-gramatical, tanto mais que contém acrescentamentos e glosas dos mestres da Universidade de Lisboa, António Martins e Pedro Rombo. O único exemplar conhecido da edição de Lisboa, de 1501, pereceu no terramoto de 1755, e o da edição de 1513, também único e que foi da livraria de Barbosa Machado, pertence atualmente à Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro; tanto basta para mostrar o valor do presente livro.
LIURO E LEGËDA QUE FALA DE TODOLOS FEYTOS E PAIXOOES DOS SATOS MARTIRES.
Lisboa, João Pedro Bonhomini de Cremona, 1513.
Dos problemas e conexões que este livro suscita, D. Manuel ocupou-se especialmente (Liv. Ant. Port., I, pp. 239-251) das razões da raridade dos respetivos exemplares e da intervenção do Venturoso na sua publicação.
EPISTOLA POTENTISSIMI: AC INUICTISSIMI EMANUELIS REGIS PORTUGALLIE ET ALGARBIORUM ETC. DE VICTORIIS NUPER IN AFFRICA HABITIS. AD S. IN XPO PATREM ET DRM NOSTRUM DÑM LEONË X. PONT. MAX.
Lisboa (?), 1513.
D. Manuel não se ocupou desta rara Epistola, que Eugénio do Canto reproduziu em 1905, embora a cite nos Liv. Ant. Port., I, talvez por supor que foi impressa na Itália.
ORDENAÇÕES D'EL-REI D. MANUEL.
Lisboa, João Pedro Bonhomini de Cremona, 1514.
Descrição minuciosa dos cinco livros desta ed., seguida de algumas considerações sobre a divisa do Rei Venturoso no vol. I dos Livros Ant. Port., pp. 253-285. D. Manuel possuiu também ex. da 2.a e da 3.a ed. destas Ordenações, a cada uma das quais dedicou artigos próprios.
BOOSCO DELEYTOSO.
Lisboa, Hermão de Campos, 1515.
Este exemplar, completo na totalidade das suas páginas, é único, dele dizendo D. Manuel que “é sem dúvida uma das joias da nossa Biblioteca, pois guarda ainda a sua admirável encadernação primitiva, de tábuas revestidas de couro lavrado, de um finíssimo trabalho moçárabe. Nestas excecionais condições, o valor do livro é inestimável”.
Compreende-se, assim, que seja da pena do autor dos Livros Ant. Port. (I, pp. 287-299) a descrição exata e mais minuciosa deste valioso livro, cujo título também mereceu a D. Manuel a atenção de umas páginas e cujo texto importa ser considerado por quem pretenda configurar a sensibilidade moral e religiosa no primeiro quartel do séc. XVI, e, em especial, na roda palacega de D. Leonor, a Rainha Velha.
REGRA E STATUTOS DA HORDÊ DAUJS.
Almeirim, Hermam de Campos, 1516.
D. Manuel descreveu este livro com a minúcia habitual nos seus trabalhos bibliográficos e o tema sugeriu-lhe uma digressão sobre a história da Ordem de Aviz (Liv. Ant. Port., I, pp. 301-321).
Garcia de Resende, CANCIONEIRO GERAL. Almeirim e Lisboa, Hermão de Campos, 1516.
A atenção de D. Manuel incidiu particularmente sobre a pessoa do Moço da Escrivaninha de D. João II, cujo perfil moral e intelectual traçou com manifesta simpatia. Por isso, o seu juízo se afasta do de Herculano, “humildemente, com o respeito pela autoridade do insigne escritor”, “mestre da arte e ciência de escrever a história”. Aludindo à acusação do envenenamento de D. João II, deixou transparecer na repulsa a nobreza da sua índole moral, pois, escreve, “estamos convencidos que Resende, mesmo se acreditou no envenenamento, jamais o atribuiu à Rainha D. Leonor e a El-Rei D. Manuel. O moço da escrevaninha, que realmente venerara com entusiasmo e verdadeira dedicação D. João II, não teria servido D. Manuel — ou então bem negro seria o carácter do alegre e galhofeiro Resende, se assim tivesse pensado” (Liv. Ant. Port., I, p. 332).
REGIMENTOS & ORDENAÇÕES DA FAZENDA. Lisboa, Armão de Campos, 1516.
D. Manuel não se ocupou deste raro exemplar, certamente por o haver adquirido depois de redigido o vol. I dos Livros Ant. Portugueses.
Valentim Fernandes, REPORTORIO DOS TÉPOS É PORTUGUES CO AS ESTRELLAS DOS SIGNOS, ET COM AS CÕDIÇÕES DO 0 FOR NAÇIDO EM CADA SIGNO ET O CREÇER ET MINGOAR DO DIA. ET DAS OTRO CÕPREIXÕES ET SUAS CÕDIÇÕES. ET A DECLINAÇÃ DO SOL. CÕ SEU REGIAMETO COM OUTRAS MUYTAS ADIÇÕES. TRELLADADO ET EMPREMIDO PER VALÊTYM FERNÃDEZ ALEMAM.
Lisboa, Valentim Fernandes, 1518.
Ex. único de uma edição que os nossos bibliógrafos desconheceram. A posse de tão precioso volume permitiu a D. Manuel fazer a primeira descrição minuciosa desta ed. e de a comparar com a ed. de 1563, com o Regimento do Estrolabio e do Quadrante e com o Tratado da Sfera do Mundo, reproduzidos por Joaquim Bensaúde na coleção: Histoire de la Science Nautique Portugaise à l´ Époque des Grandes Découvertes. As conclusões a que chegou devem ser presentes ao historiador da Ciência Náutica; e também não devem ser desconhecidas por quem quer que se ocupe da paleotipografia em Portugal as notícias e observações deste artigo dos Livros Ant. Port., I, pp. 357-391, relativas a Valentim Fernandes.




