3. Prefácio das cartas inéditas de Antero de Quental a Oliveira Martins

Para além, porém, da intimidade intelectual entre os dois grandes espíritos, que, com Teófilo Braga, dirigiram o curso do último quartel do nosso século XIX, estas cartas documentam com exuberante riqueza a evolução espiritual de Antero, desde a fase ativa de revolucionário, sedento de justiça social, até à derradeira viragem, em que, enterrado “na poltrona do filósofo”, o pensador, despedindo-se do poeta, demanda e vence as tormentas da vida interior pelo domínio crescente da reflexão e da consciência. Sob este ponto de vista são singularíssimas no seu epistolário, sendo lícito o vaticínio de que concorrerão para um novo rumo dos estudos anterianos. Não lhes falta, de resto, a novidade na matéria biográfica, designadamente sobre a enfermidade, assim como fornecem elementos desconhecidos sobre a atividade literária, realizada e em projeto (Programa para os trabalhos da geração nova, Teoria da religião e O Socialismo e os partidos) e sobre a sua formação filosófica e ideário político-social da juventude.


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