Luciano Pereira da Silva reviveu no seu espírito o velho debate quinhentista, e o que então fora subtil disputa convertia-se agora na mais perfeita justificação científica e histórica das razões do matemático. Com Joaquim Bensaúde sepultou a lenda da aventura, criando uma verdadeira corrente de opinião, a tal ponto que os seus juízos e resultados críticos constituem uma verdadeira escola e uma das principais características da hodierna cultura portuguesa.
Nunca lhe seremos suficientemente agradecidos por ter concorrido para o desterro dum mito e secado algumas flores de retórica, e com elas esta atitude de improvisação, de tão deletérias consequências. A esta luz a sua obra tem uma extraordinária ressonância na educação nacional; mas não viveremos hoje a hora propícia para que o jurista responda, com a mesma severidade crítica e eficiência nacional, demonstrando quanto Portugal deveu à excelência das suas leis, “que não somente conservam o próprio reino, mas ainda governam e sustentam outros reinos e senhorios remotíssimos”.
Possa a memória do Dr. Luciano reviver na obra de discípulos livres e criadores formados na escola dos seus livros, sob o amparo espiritual da universidade!