Como nenhum outro jovem do seu tempo ele soube ligar a santidade emotiva da mensagem de Jesus à beleza fria dos pagãos, e reportar a variedade infinita das ações e das coisas à fonte eterna de todo o ser e de todo o estar. Quem na mocidade se elevou tão alto e se consumiu na labareda da vida contemplativa, num infatigável amor do saber, como frutificaria na maturidade?
Perderam as letras um crítico à maneira de um Sainte-Beuve cristianizado? Perdeu a ciência um sábio capaz de converter a Filologia em amor do logos, de descobrir sob a letra o espírito que a vivifica? Perdeu a erudição um humanista da imorredoira estirpe de Quinhentos?
Creio que sim; e porque o creio, inclino-me com ânimo respeitoso e dolorido perante a memória da mais promissora mocidade do nosso tempo.
Coimbra, Páscoa de 1934