P. 126, 1. 11: No texto: “alpium”.
P. 126, 1. 19: De astrolabio opus demonstratiuum] Este escrito não foi impresso, e o respetivo original perdeu-se. É de conjeturar com verosimilhança que esteve inteiramente redigido, pronto para o prelo, possivelmente já ao tempo em que lhe fazia esta referência. Baseamos a conjetura nos seguintes factos:
a) A alusão do cap. XVI, “reprehensio XIII”, do De erratis Orontii
“Cuiusquidem tabulw absolutam descriptionem, usum atque demonstrationem, in libro de Astrolabio tradidimus, quem iam et pleraque alia opuscula nostra in publicum mitteremus, si hominem sculpendi et imprimendi peritum haberemus, quales hodie sunt in Gallia atque Germania permulti iique ingenisossimi”.
Apresentando a falta de gravadores e de impressores peritos nas oficinas portuguesas do seu tempo como razão única de não haver dado ao prelo este livro, inculca claramente a ideia de o ter inteiramente redigido.
b) A citação inédita exarada no exemplar da Elucidatio... Astrolabii, de João Stoefler, na edição de 1513, pertencente à Biblioteca da Universidade de Coimbra, cujo frontispício reproduzimos em fac-símile numa das páginas anteriores.
Este exemplar contém várias notas marginais, no geral de correcção à doutrina do texto, que desastradamente foram mutiladas pelo encadernador ao aparar o papel. Todas as notas são do mesmo punho e, sem dúvida, foram escritas por um português, corno prova a nota marginal do foi XLVI r a este passo do texto — ah Insulis fortunatis - as canarias.
No fol. XV r lê-se a que reproduzimos atrás em fac-símile, no conjunto da página e singularmente, para comodidade de leitura, redigida nos seguintes termos: hüc modü refutat Petrus Nonius 1.0 demõstratiõe [as]trolabij.
É óbvio que esta citação, escrita por pena do século XVI com o característico recorte humanista, só podia ter sido feita pelo próprio Pedro Nunes, ou por pessoa que conhecia o manuscrito. À primeira vista, os termos da redação sugerem esta hipótese; inclinamo-nos, no entanto, para a autoria de Pedro Nunes pelas seguintes razões:
— Haver citado expressamente este livro de Stoefler, como já dissemos (hic, supra);
— Citar-se em notas marginais o livro de Juan Aguilera, lente de Salamanca, Canones astrolabi uniuersalis, Salamanca, 1527 e 1554, designadamente na seguinte, de fol. XXXIII r: V.e can. 6. p.e li. astrolabij aguilerw atque mea scripta canon Kenim] hic fals[us] est. Pedro Nunes não devia desconhecer este livro;
— As anotações, pelo seu teor, só podiam ter sido escritas por um geómetra e astrónomo, como provam os fac-símiles
Admitimos, pois, como muito verosímil, que este exemplar tivesse pertencido a Pedro Nunes, sendo consequentemente de sua autoria as notas marginais que encerra e de que nos ocuparemos em volume ulterior destas Obras.
P. 126, 1. 19: De triangulis sphmricis] No Tratado da Sphera Pedro Nunes citara já esta obra sob o título Geometria dos triangulos spheraes; como dissemos (vol. I, p. 292, n. 7), estava escrito antes de 1533. O manuscrito perdeu-se; mas como notou o Dr. F. Gomes Teixeira, “podemos reconstituí-lo por meio de numerosas passagens das suas obras em que é aplicada a Trigonometria” ".
É de crer que fosse obra de alguma extensão, pois designa-a de tratado (vol. I, p. 162, 1. 4), e repartia a respetiva matéria, pelo menos, em dois livros (vol. I, p. 163, 1. 23), dos quais o Livro I tinha, pelo menos, 24 proposições (vol. I, p. 162, 1. 4).
Na citada História das Matemáticas em Portugal (p. 157), o Dr. Gomes Teixeira exprimiu a opinião de que Pedro Nunes “não julgou (...) necessário publicar o seu trabalho, certamente porque no tratado De triangulis omnimodis libri quin que, publicado pela primeira vez em 1533, do matemático alemão mencionado [Regiomontano], é exposto de um modo magistral e completo aquele assunto”; a forma, porém, como Pedro Nunes se refere a esta e às demais obras no De crepusculis — “Reliqua opuscula nostra breui (ut speramus) in lucem edemus” — força-nos a contestar esta opinião do insigne sábio, cuja memória nos é respeitabilíssima e profundamente grata.
P. 126, 1. 20: De planisphwrio geometrico] Nada se sabe acerca desta obra, cujo manuscrito se perdeu.
P. 126, 11. 20-21: De proportione in quintum Euclidis] O manuscrito deste Tratado da proporção ao Liv. V de Euclides perdeu-se; na citada História das Matemáticas em Portugal (p. 154), o Dr. Gomes Teixeira escreveu “que certamente os capítulos que [Pedro Nunes] consagrou à doutrina da proporcionalidade na sua Álgebra são a reprodução da doutrina que continha [este] tratado”.
Sob o ponto,de vista histórico, esta obra, que seguramente afiançaria os talentos de Pedro Nunes, dadas as dificuldades e a elevação do Livro V de Euclides6°, assinalava o terceiro escrito de portugueses sobre a teoria da proporcionalidade, pois o haviam precedido Alvaro Tomás no Liber de triplici motu proportionibus annexis Paris, 1509 61 (exemplares nas Bibliotecas Nacional de Lisboa e Pública de É.vora), e Pedro Margalho, no Phisices Compendium (fols. VIII v-XII v), Salamanca, 1520 (exemplares na Bibloteca Nacional de Lisboa e na da Universidade de Coimbra).
P. 126, 1. 21: De globo delineando ad nauigandi artem] Nada se sabe desta obra, cujo manuscrito se perdeu. O Dr. Gomes Teixeira, na citada História das Matemáticas em Portugal (p. 154), pensa que “o nosso matemático inutilizou [os tratados sobre triângulos esféricos, sobre o astrolábio, sobre o planisfério geométrico, e sobre o modo de construir um globo para uso da navegação] depois de incluir as suas doutrinas no tratado De arte atque ratione nauigandi”.
P. 126, 11. 22-23: et nonnulla alia qum hodie molimur] Dos escritos que pelos anos de 1541 traria em projeto ou entre mãos apenas temos conhecimento da tradução de Vitrúvio, pela concisa notícia da dedicatória do De crepusculis (ver vol. II, p. 7,1. 11, e respetiva anotação).
P. 126, 1. 26: No texto: “Pompanius mela”.
P. 126, 1. 23: Authores] Nos lugares respetivos das anotações anteriores encontram-se as citações bibliográficas dos autores que Pedro Nunes aqui enumera. Cumpre, porém, observar que esta lista não é completa, pois há referências bibliográficas que o texto implica e não foram indicadas, designadamente Alfragano (vol. II, pp. 346-347).