I. Preliminares

Desde o advento dos romanos na história, a família desempenhou na vida deste povo um papel fundamental. De estrutura patriarcal, esta instituição foi a um tempo organismo religioso, económico e educativo, de tal sorte que, sob certo ponto de vista, se pode dizer que a especialização e a complexidade das atividades e relações sociais se fizeram à custa da desintegração de um núcleo originário de funções domésticas. No plano educativo e no do comportamento social, sem a disciplina severa, moral e cívica, da família também se não compreendem o sentido do dever e a devotada dedicação ao interesse público, que caracterizam o romano e deram poderio e prestígio a Roma.

A par do sentimento da disciplina familiar, possuiu ainda o romano a consciência e o sentido do Direito, cujas expressões políticas e legais constituem a criação mais original de Roma e o seu mais notável legado à cultura universal.

Graças a estes sentimentos e tendências, a que vieram juntar-se as determinações económico-sociais, o génio romano caracteriza-se pelo espírito prático orientado para as necessidades da vida real, assim individual como coletiva, pelo que a educa tio romana não tem o mesmo sentido e alcance da paideia ateniense. Reporta-se fundamentalmente ao desenvolvimento da criança no seio da família, como mostra Varrão neste passo em que discrimina as fases sucessivas da formação: «educit obstetrix, educat nutrix, instituit paedagogus, docet magister».

Este sentido familiar da educatio, diverso da institutio, ou ensino da escola elementar, indica que a família foi considerada em Roma como meio e agente capital da formação da personalidade, usufruindo uma liberdade e uma autoridade que o estatismo das cidades helénicas não reconheceu aos pais e conferindo à mãe como educadora e consorte uma situação que ela não teve na Grécia, aliás, bem expressa na locução: «ubi tu Gaius, ego Gaia».

Sem embargo desta constante, a educação em Roma sofreu transformações, tornando-se no decurso do tempo mais complexa e de fundo doutrinal mais variado, não por natural criação do seu génio ou evolução da sua cultura própria, mas pela assimilação dos ideais e das especificações da paideia helénica. Daqui, a conveniência da discriminação de períodos em função das inovações educativas, a partir do teor nativo, os quais, aliás, coincidem, grosso modo, com as divisões de base política:

• Das origens de Roma, no século VIII a.C., ao início da conquista da Grécia, nos fins do século III a.C.;

• Da conquista da Grécia ao princípio do século I da nossa era;

• Do século I ao final do Império do Ocidente (476 d.C.)


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