Daí, a influência da sua personalidade e a irradiação da escola monástica de São Martinho de Tours, a cujas lições acorreram sacerdotes de várias regiões do Império. Seguindo o mestre, Pascásio Radbert organizou a escola catedral de Corbie; Leidrad, tornou florescente a de Lyon; Amo, a de Salzburgo; Rabão Mauro organizou o ensino no mosteiro de Fulda conforme o de São Martinho de Tours; Ludger, criou a escola catedral de Munster; Haimin, a de Arras; Riculf, em Mogúncia; Hildebald, em Colónia, etc. ".
Dos discípulos propriamente ditos destaca-se Rabão Mauro (c. 780-856), que depois de haver estudado em São Martinho de Tours, ensinou na escola do mosteiro de Fulda, da qual foi abade em 822, e onde exerceu uma influência na Alemanha do Norte comparável à de Alcuíno, em França, pelo que é frequentemente designado de Primus praeceptor Germaniae, o segundo sendo Melanchton (1497-1560). A exemplo de Fulda, Servatus Lupus instaurou o ensino (842-862) no mosteiro de Ferrières, e Walafrido (†849), no de Reichenau, e se reorganizaram antigas escolas monásticas, como a de S. Gall.
Da sua vasta obra literária, na qual avultam os escritos de exegese bíblica, importam ao nosso objeto o De institutione clerico rum redigido à volta de 819, e o De universo ou De rerum naturis (c.844).
No De institutione clericorum, como o título indica, ocupa-se da educação sacerdotal; baseando-se no De doctrina christiana e no De ordine, de Santo Agostinho, e em continuação de Alcuíno, considera o estudo das artes liberais como subsídio da exegese da Sagrada Escritura, na qual radica o saber que vale e importa. A exegese escriturária constituía o mais alto objetivo do saber, desenvolvendo-se o respetivo estudo com glosas gramaticais, históricas e teológicas.
O De Universo, amplamente baseado no Das etimologias de Santo Isidoro de Sevilha, é uma obra enciclopédica, dividida em vinte e dois livros, dos quais os seis primeiros se ocupam de temas teológicos e escriturários, e os restantes das disciplinas científicas. Largamente utilizado nas escolas, o De Universo conjuga os conhecimentos em função destes ideais formativos: a scientiae plenitudo, ou seja, o conhecimento das Escrituras e do que concorre para a respetiva compreensão; a vitae rectitudo, ou seja a prática das virtudes, e a eruditionis perfectio, que é o resultado da assimilação dos bons autores e se exprime pela correção formal.