Segunda Parte - que compreende os anos que discorrem desde meados do de 1537 até fim do de 1540 (I)

«A obra do Dr. Francisco de Monçon é digna de apreço, não só por nos revelar a doutrina dominante da epoca no tocante á materia da educação mas pelas muitas referencias historicas de que vem semeada, algumas d'ellas para bem dizer Meditas. A erudição classica é dominante, mas as allusões aos factos contemporaneos são sufficientes para tornar a obra verdadeiramente interessante. Os ultimos capitulos do livro são dedicados á apotheose de D. João III, que elle compara a Salomão, tirante, bem entendido, o caso das setecentas concubinas. O nosso monarca era um Salomão... catholico.

«c) Norte de cõfessores compuesto por el doctor de Mõçon predicador dei rey nuestro sefior: adõde se tratan las partes que han de tener los Sacerdotes q confiessan: y declararse ia orden-4 han de guardar en sus confessiones: y ia manera que ternã en determinar los casos y dubdas que alli se offrescen. Es obra muy prouechosa para todo genero de personas / principalmente para los que tienen cargo de confessar. Y esta aprouada por muy excelètes perlados y doctos varones. Fue vista por ia sancta inquisicion. (Este titulo está dentro de uma singela mas bonita portada tarjada. No verso do frontispicio o escudo real encimado por um dragão). — No fim : A loor de Dios y de la gloriosa Virgen nuestra seFlora se acabo de imprimir el libro llamado norte de confessores / compuesto por el doctor de Mõçon: fue visto y aprouado por los deputados de ia sancta inquisicion. Imprimiosse en casa de Luis rodriguez librero del rey nosso senhor y escudero de su casa. Acabosse a los doze dias dei mes de Mayo: de mil y quiniêtos y quarenta e seis aios. (No verso o escudo do impressor).

«1 vol. S.°, sem paginação, 74 fls., rubrica Aij Jvj.

«Exemplar da Biblioteca Nacional de Lisboa, encadernado, com o n.° 3.069 (Theologia).

«Ribeiro dos Santos, dando succinta noticia d'esta obra, cujo auctor não designa, attribuiu-a, como imressão, ao typographo Jorge Rodrigues. Innocencio da Silva, notando o anachronismo, cahiu em outro, opinando que talvez fosse João Rodrigues. Este impressor é, todavia, do seculo XVII. Innocencio não viu a obra. A nossa descripção desfaz todas as duvidas. Veja-se a Memoria para a historia da typographia portuguesa no seculo XVI, por Ribeiro dos Santos, no tomo VIII das Memorias. de Litteratura, da Academia, pag. 126, e o artigo Norte de confessores no Diccionario de Innocencio.

«Outro exemplar na Bibliotheca de Evora

«d) Avisos Spiritvales, que enserzan como el sueFlo corporal sea prouechoso ai spiritu. Compuesto por el Doctor Francisco de Monçon. (Escudo con armas reaes coroadas por un chapeu cardinalicio). Visto y examinado por los Deputados dela sancta Inquisicion. Impresso en Lix boa, En casa de Ioannes Blauio de Colonia. Anõ 1563.

«1 vol. 8.°, 3 fls. inn., 64 numeradas pela frente.

«No verso do frontispicio, as approvações de Fr. Jeronymo de Azambuja (20 de janeiro de 1560) e de Fr. Manuel da Veiga (23 de abril de 1563).

«e) Norte de Ydiotas. Compuesto y reuisto por el doctor Francisco de Mõçon. Adonde se trata vn exercicio muy spiritual y prouechoso. (Escudo de armas). Visto y aprouado por los Deputados dela sancta Inquisicion. Impresso en Lixboa, En casa de Ioannes Blauio de Colonia. Afio de 1563. «1 vol. 8.°, 28 fls. numeradas pela frente.

«Bonito exemplar, encadernado com a obra antecedente, sob o n.° 1:565 (Theologia ascetica).

«A obra é dedicada, como se vê pelo prólogo, a "dona Maria de silua, muger dei S. Francisco de Sousa tauares por su deuoto orador el doctor Frãcisco de Mõçon". Esta dedicatoria, que em seguida transcrevemos, é muito interessante, não só para a história do livro, mas para a história da vida íntima de D. Maria da Silva.

«Este Francisco de Sousa Tavares é provavelmente o auctor do Liuro de doctrina spiritual.

«Ala muy magnifica se flora do fiaMaria da silua, muger del S. Francisco de Sousa Tauares. Su deuoto orador el Doctor Frãcisco de Mõçon.

«Sant Ambrosio como glorioso Doctor dela yglesia, da vn consejo singular diziédo. No loes a ningun hõbre en su vida, loale despues de su muerte, quãdo el que loa no sera notado de lisongero, ni el que es loado, sera tentado con alguna elacion o presuncion. De aqui tomaste ocasion (avnque no era eficaz) muy magnifica seriora, para avdarme cõ humildad, que no os dedicasse los Tratados dela Vida spiritual que ha compuesto, como me parecia 4 era obligado a hazer, considerando que la doctrina que contienen, mas la aprendi de vuestra conuersacion, que dela lecion, pues los exemplos presentes tienen mas energia y eficacia para mouer a ymitar los, que los passados.,,nue leemos en los Libros.

«Mas si considerardes prudénte seriora, que nuestro Maestro y Redëptor vniuersal nos auisa, que ias obras buenas se publiquen, para que se de hõrra y gloria a su padre celestial, no deuierades de recelar que se publicara. Como essa vuestra casa es hospital de pobres, y meson de peregrinos, y escuela adonde se exercitan las obras dela vida activa con toda charidad, y assi es vn monesterio y casa de relegion: a donde se reciben muy frequentemête los sanctos sacramentos, y se exercitan perfectamête los exercicios spirictuales dela vida contemplativa, ocupãdo seriores y criados no pequeria parte dei tiempo en sanctas meditaciones, segri que van sumadas en este breue tratadico, debaxo dei titulo de vna noble y deuota muger, 4 vos representa al viuo, avn que se finge, que esta no sabia leer: porque se da general exemplo a todas las personas, que avn que no tengan lecion de libros, se podran exercitar en todos los exercicios dela vida spiritual. El qual Tratado se imprimio con vuestra licencia, y a vuestra incitacion, y bien parescio ser cosa vuestra, porque ha sido aprouado por todos los Inquisidores de Espatía, avn que han vedado con razon otros que tratauan de doctrina spiritual, porque no conueniã para estos miserables tiempos. Mas la deste ha sido tan accepta, que se han aprouechado todos de su lecion: de manera, que ya no se halla ninguno, ni yo le tengo para dar aios que me le piden: por donde por hazer obra de charidad, acorde de tornarle a limar y reuer, y que se imprimiesse junto con otro Tratado, que se intitula Auisos Spirituales, que me pedieron que sacasse a luz. Lo que se os pide (amantissima sefiora en christo) es, que con el zelo de vuestra perfecta charidad, pidais en vuestras acpetas y inflamadas oraciones a nuestro Sefior: que esta lecion sea para prouecho spiritual delos proximos, y a gloria suya. La qual todos le demos como somos obligados, por los siglos delos siglos. Amen."

«As ultimas 5 pags. são occupadas pela Oracion que hizo el Rey Manases.

«A obra é adornada com laminasinhas religiosas, adequadas aos assumptos de cada capitulo ou declaracion.

«Acerca do doutor Monçon lê-se nos Annaes de D. João III, de Fr. Luis de Sousa (XI):

"El Maestro Gil Gonçales de Avila, que vive a S. Martin, en las espaldas de los Premonstratenses, cronista delRey, me promete livros dei Doctor Monçon escritos em Portugal, huns impressos, e outros de mão, e a relação particular de como entrou a Inquisição em Portugal, etc.".

«Pedro de mariz, nos seus Dialogos de varia historia, escreve d'elle o seguinte:

"O Doutor Francisco de Monsão Castelhano, Pregador muyto douto, e em todas as partes muito erudito, veyo tambem de Alcalá." (2.a edição, folio 155 v.)

«Nas Antiguidades de Lisboa, de Antonio Coelho Gasco, manuscripto da Bibliotheca Nacional de Lisboa, encontramos a seguinte curiosa nota biographica do Dr. Francisco de Monçon:

"A todos 'lé conhecido aquelle grande Theologo, o Doctor Francisco de Monçon, lente jubilado na sagrada Theologia, e Conego Doctoral da Sancta See de Lixboa, e de nassão Castelhano: cuia rara virtude foi muj grande: era muyto grande amigo de D.s Pois sendo pessoa tão authorisada e de muyto credito, e nobresa, pello tempo da peste grande, quis ficar na See, offerecendosse a ella, por amor de D.s, gastando suas rendas com os doentes: cujo corpo jaz enterrado nos claustros da See, iunto a capela do Benegnissimo Iss., e por sua humildade ias da banda de fora. Este illustre uarão entre os muytos liuros fes, hê tiú muy docto, e muy sentencioso, a que intitulou Espejo dei Principe Christiano: em cuio graue volume, no capitulo nouenta, diz a rasão por que Ulyxes, Principe Grego, ueio edificar Lixboa: cuia opinião uerifica con hystoriadores, como Homero, e com a opinião uulgar, 4 val mais que tudo." (cap. XV, folio 31).


?>
Vamos corrigir esse problema