Segunda Parte - que compreende os anos que discorrem desde meados do de 1537 até fim do de 1540 (I)

Não é suficiente, porque omite uma prescrição pedagógica importante, a saber, que «nos exames e cursos e no modo de conceder os ditos grãos e licenças [isto é, os graus de bacharel e mestre em Artes e Filosofia, e as licenças para tomar o grau de Mestre em Artes e Filosofia] se guardaram as constituyções de paris e do colegio dalcala ». O alvará, noutro passo, torna a acentuar que «os graos de bachares e mestres nas ditas artes e philosofia se darão por esta minha atoridade que para yso dou aos que forem aprovados para eles segundo as ditas constituyções de paris e alcala pelos doctores e mestres das ditas faculdades como se costuma dar nas universidades».

Resulta destas transcrições que os colégios do mosteiro de Santa Cruz, à falta de estatuto especial, deviam conceder os graus de bacharel e de mestre em Artes e Filosofia segundo as constituições de Paris e de Alcalá de Henares.

[ XLII]                                                                                                                                                   (§ 208)

A carta de nomeação do bispo de Angra, D. Agostinho Ribeiro, para reitor da Universidade, datada realmente de 27 de Outubro de 1537, encontra-se publicada pelo Dr. Mário Brandão no citado vol. I dos Documentos de D. João III, pp. 47-48.

[ XLIII]                                                                                                                                                  (§ 341)

SOBRE LOPO GALEGO

O magistério de Lopo Galego em Coimbra é conhecido desde 1534. No citado Livro de receita e despeza de Santa Cruz de 1534-1535, publicado pelo Prof. Dr. Virgílio Correia em Arte e Arqueologia, I. p. 111, lê-se a seguinte verba: «item pagamos [em Agosto de 1534] a lopo galeguo mestre dos estudos hü mill e duzétos reaes por q ensinou um irmão de dom Lourenço dous anos... ».

Esta menção parece mostrar que, por então, ensinava particularmente, isto é, fora do Mosteiro de Santa Cruz. Volvidos sete anos, sabemos de certeza que ministrava o ensino separadamente, pois na carta que D. Bernardo da Cruz dirigiu a D. João III em 31 de Julho de 1541, publicada pelo Dr. Mário Brandão em Alguns documentos..., cit., pp. 79-84, lê-se a p. 82: «... nas casas õde le lopo galego q som de V. A. onde agora tem o bpo aljube... ». O Dr. Mário Brandão observa-me, em carta particular, que «esta referência... parece ter alguma importância, pois demonstra que não ensinava, como os demais professores de "gramática" nos Colégios de Santa Cruz. Onde seria o seu geral? Numa dependência dos Paços Reais? No edifício dos "Estudos Velhos", onde hoje se levanta a Faculdade de Letras?».

Lopo Galego gozou de crédito pessoal e literário, como se prova pelo seguinte depoimento do processo do Dr. Heitor Vaz (T. Tombo, Inquisição de Coimbra, n.º 1073, ano 1566), publicado por Pedro A. de Azevedo na Nota sobre a instrução portuguesa nos séculos XV e XVI, em Archivo Historico Portuguez, vol. V, Lisboa, 1907, p. 25:

«Pretende prouar que sua criaçam e conuersacam, desde menjno ate o dja doje, asi nesta cidade de Cojmbra de que he natural, como fora pellas partes onde andou, conversou sempre cõ xptãos velhos, hõrrados e fidalguos e muito bons xpãos, por que nesta cidade as primeiras letras que aprendeo foj de Francisco de Anduxar, clerigo de misa, castelhano e homem de muito boa vida, pai que foi de Teodosio danduxar, destribujdor do judicial que foi desta cidade, que o principiou no ler e lhe ensinou has orações e despois aprendeo a ler e a escrever cõ Anrique de Parada, homem honrrado, xpão velho e de muita vertude, e o latim aprendeo com o mestre Lopo Gualego que naquelle tempo ensinava gramatica nesta cidade, homem exemplar na vida e costumes, de mujta doutrina e de bon exemplo, que em seu tempo foi tido por muito bom xpão.»

Este testemunho é corroborado por uma carta do reitor da Universidade D. Agostinho Ribeiro para D. João III, de 18 de Janeiro de 1538, publicada pelo Dr. Mário Brandão, em Alguns documentos..., cit., p. 75, na qual se louva Lopo Galego — «quanto fruto tê feito e faz neste reyno e agora nesta universidade... com muitos dicipulos que tê que passam de 200.. »;eao mesmo tempo se referem as dificuldades com que vivia («... já por vezes que queria deixar de ensynar... velho e nã tê q comer. »). O original da carta encontra-se rasgado nalguns passos; não obstante, depreende-se que o reitor solicitava uma mercê para Lopo Galego, pois acentua que «ele bé merece e seria mui grande perda... [para a] Universidade dexar este homem de ensynar.. ».

Na anotação ao § 38, encontra-se o rol dos discípulos de Lopo Galego no ano letivo de 1537-1538.

[ XLIV ]                                                                                                                                                (§ 342)

Não é rigoroso o texto da carta que se lê neste parágrafo, pois contém várias interpolações; a publicação exata, como dissemos na nota anterior, foi feita pelo Dr. M. Brandão.           

[ XLV ]                                                                                                                                                  (§ 346)


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Vamos corrigir esse problema