Segunda Parte - que compreende os anos que discorrem desde meados do de 1537 até fim do de 1540 (I)

Pelo que Diogo de Gouveia, de Coimbra, respeita, transitou em 1545, encontrando-se publicada a documentação deste facto pelo Prof. Virgílio Correia no artigo As Cartas de Fr. Brás de Braga para S.ta Cruz de Coimbra, na citada revista Arte e Arqueologia, pp. 200-201 e pelo Dr. Mário Brandão, nas citadas Cartas de Frei Brás de Braga para os priores do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, pp. 103 e segs..

Parece que o reitor da Universidade se opôs a que Diogo de Gouveia transitasse de Santa Cruz para a Universidade; assim o dão a entender as cartas de Fr. Brás, de 19 de Janeiro, 24 de Janeiro e 9 de Fevereiro de 1545, pois na designação de «padre rector» lemos Fr. Diogo de Murça, nomeado reitor da Universidade em 5 de Novembro de 1543.

Na 1•a lê-se: «... acerqua da mudãça do mestre Gouvea vae hüa cartinha de fora pera a mostrardes ao padre rector se for necessario».

Na 2.a: «... quanto ao q me escrevestes q vos falara o padre rector sobre a mudança do mestre gouuea eu vos escrevo hfia outra carta q lhe podereis mostrar e quando elle non quiser se não mudar o dito mestre falares a luis aluéz se quer ler esse curso por preço de vinte mil reaes cada hü afio lendo duas liçoês cada dia. s. hüa pella (manhã) e outra a tarde e dailhos e se nõ lea dõ filipe como deixei ordenado. e pode ler o dito luis aluês se cõ elle assentardes a lição de pola manhã loguo cedo ante q va ler acima e a outra quando milhor poder e podeislhe mandar éprestar hüa bestinha é q va acima».

Finalmente, a 3ª das referidas cartas mostra que D. João III impôs a sua autoridade, resolvendo todas as dificuldades: «... el-Rei nosso Sõr ha por bê que o mestre dioguo de gouuea se mude pera cima segundo vereis per a carta de S. A. q cõ esta vos enuio, dae ordê a se fazer loguo isso tanto q esta virdes, e falae ao mestre juiz aluëz segundo vos tenho escrito q acabe esse curso, e quando o não quizer fazer, ordenae que se façã exercicios e q tornè a recordar os Irmãos o q sabião muito bè... e enuiouos a dita carta de S. A. pera a verdes e mostrardes ao mestre gouuea e o espedirdes e tãbé a mãdardes mostrar ao padre rector.. ».

[ LXXXIII ]                                                                                                                                          (§ 670)

SOBRE PEDRO DE FIGUEIREDO

Sobre a primeira parte deste parágrafo escreveu o Dr. Mário Brandão em Os professores dos cursos das Artes nas escolas do Convento de Santa Cruz, na Universidade e no Colégio das Artes de 1535 a 1555 (em Biblos, vol. V, e em separata, Coimbra, 1929), o seguinte :

«Quando começou a ler este professor? Nas Cartas dos Reis e Infantes, em O Instituto, vol. XXXVI, p. 791, vem sumariada uma carta de D. João III recomendando a Frei Brás de Braga que entregasse a regência de uma das cadeiras de filosofia a Pedro de Figueiredo, que ora veo de paris, com data de 10 de Setembro de 1539. É possível, porém, que a carta seja do ano anterior e que tenha havido erro de leitura. A não ser assim o primeiro ano deste Curso — 1538-39 — terá sido lido por outro professor.

«Figueiredo foi nomeado para reger o último ano do seu curso com o ordenado de 30 000 rs. e com a obrigação de ler quotidianamente duas horas de manhã e duas à tarde. Mas os alunos opuseram-se a ouvir mais que uma hora de manhã e outra à tarde, razão porque se lhe recusou salário. Figueiredo apelou para o rei, pedindo que lhe fossem pagos 20 000 rs., ao que D. João III anuiu por provisão de 1 de Abril de 1542, que publicamos pela primeira vez (vid. doc. n.° 111).

«Dezasseis alunos seus tomarão grau de bacharel a 24 de Fevereiro de 1541

«Este Curso de Figueiredo é também testemunhado pelas tabelas de faltas relativas à 1.a, 2. e 3.' têrça do ano letivo de 1538-39, e pelas relativas à 2.' e têrça do ano de 1540-41.

«Segundo o douto Carneiro de Figueiredo, Pedro de Figueiredo ao começar o curso era simples bacharel, tendo tomado depois os graus de licenciado e mestre. Nos fins do ano letivo de 1538-39 ainda Figueiredo era bacharel'. Já antes, porém, de 21 de Fevereiro de 1540, possuía o grau de mestre.

«Como subsídio para a biografia deste professor acrescentaremos que ele substituiu durante 22 dias, no ano de 1547, Fr. Martinho de Ledesma.»

No auto do inquérito realizado em 1541, por ordem do Dom Prior de Santa Cruz, sobre o ensino e respetivo aproveitamento nas escolas do Mosteiro, os estudantes artistas Fernão de Freitas, Gracia Lopes e António do Souto declararam que o Mestre Pero de Figueiredo lia muito bem e com muito cuidado, e que aos ouvintes fazia «m.fuito» e estavam contentes com ele (vid. M. Brandão, Alguns documentos..., cit., p. 164).

[ LXXXIV ]                                                                                                                                           (§ 671)

SOBRE LUIS ALVAREZ CABRAL

Leitão Ferreira afirma neste parágrafo que Luís Alvarez Cabral começou a ler Artes em 1539; porém, o Dr. Mário Brandão provou que o curso começara em 1537: «Do Livro 3 de autos e ptovas de cursos de 1537 até 1550, IIª parte, fl. 108 v.°-109, sabemos que os seus alunos receberam o grau de bacharel em 7 de Março de 1540.

«Deste curso de Cabral temos também testemunho pelas tabelas de faltas da 1ª, 2ª e 3ª têrças do ano letivo de 1538-39, e pelas da 2ª e 3ª têrças do ano de 1540-41.»

No citado livro do Dr. M. Brandão, Alguns documentos..., pp. 70-72, encontram-se duas cartas, sem data, de Luís Alvarez Cabral, dirigidas respetivamente a João Alomano e a Fr. Brás de Braga.

[ LXXXV ]                                                                                                                                        (§ 672)

SOBRE MANUEL DE PINA


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