Segunda parte - que compreende os anos que discorrem desde princípios do de 1548 até o de 1551 (III - tomo I)

As dúvidas e discrepâncias acerca da data inaugural do Colégio das Artes cessaram depois que o Dr. Mário Brandão (O Colégio das Artes, I, pp. 90-92) atentou num exemplar do raríssimo discurso de Arnolfo Fabrício — Arnoldi Fabricij Acquitani de Liberalivm Artivm Studijs Oratio       

Conimbricae habita in Gymnasio regio pridie quam ludus aperiretur, IX. Cal. Martij. M.D.XLVIIConimbricae. Apud Joanné Barreriú Et Joanné Alvarez. M.D.XLVIII.

«Quer dizer: o Discurso solene foi, pois, pronunciado no dia 21 de Fevereiro (1548) e as aulas abriram no dia seguinte».

A Oratio de Fabrício foi recentemente reeditada pelo Dr. Mário Brandão — Urna Oração Académica do Renascimento, na revista Biblos, e em separata, em 1925, — e pelo Dr. Luís de Matos, em Quatro orações latinas proferidas na Universidade e Colégio das Artes (séc. XVI), Coimbra, 1937.

V                                                                                                                                                             (§ 15)

Sobre Gaspar Bordalo veja-se o anterior volume destas Notícias, em várias páginas.

Gaspar Bordalo não transitou para o Colégio das Artes; o seu nome não figura no rol dos respetivos mestres (M. Brandão, O Colégio das Artes, I, p. 375).

VI                                                                                                                                                           (§ 17)

O alvará pelo qual Vicente Fabrício foi autorizado a ler a cadeira de Grego no Colégio das Artes, sem prejuízo dos seus direitos à perpetuidade da dita cadeira nas Escolas Gerais, é de 11 de Março de 1551.

Foi publicado pelo Dr. M. Brandão em O Colégio das Artes, I, pp. 4, 65, e nos Documentos de D. João III, IV, p. 100.

O alvará foi apresentado em Conselho de Deputados da Universidade, de 14 de Maio de 1551 (O Colégio das Artes, I, p. 466).

[VII]                                                                                                                                                        (§ 18)

SOBRE MESTRE EUSÉBIO, LENTE DE HEBRAICO

As duas provisões a que Leitão Ferreira se refere encontram-se publicadas pelo Dr. Mário Brandão, respetivamente nos Documentos de D. João III, vol. III, p. 124 (e Colégio das Artes, I, pp. 458-459 e p. 137).               

A redação do parágrafo não é inteiramente exata; por isso apontaremos a sucessão cronológica dos factos:   

1) Alvará de nomeação de 16 de Dezembro de 1547.    

Por este diploma, Mestre Eusébio foi nomeado para ler diariamente «duas lições de ebraico», uma nas Escolas Gerais, isto é, na Universidade, outra, no «collegio das artes de q he prinçipal o doutor m.tre andre de gouuea», com o ordenado de 60 mil réis.               

2) Alvará de 16 de Fevereiro de 1548, pelo qual o ordenado lhe é aumentado de 60 para 80 mil réis.    

3) Em 27 de Fevereiro de 1548 foi presente em sessão do Conselho da Universidade este último alvará, e é na ata respetiva que se encontra a discriminação das duas leituras de Mestre Eusébio: «E no dito conselho foi apsentada & lyda por mi espuã prouisã de S. A. sobre as duas liçois de m eusebyo lête de hebraico huã de grãmatica & outra de construiçã da briuia...» (Em M. Brandão, O Colégio das Artes, I, p. 461).          

É legítimo supor que no Colégio ensinaria a Gramática, e na Universidade a «construiçã da briuia».      

Foi Mestre Eusébio o primeiro lente de Hebraico na Universidade? É muito provável, mas não temos elementos seguros de resposta.            Fr. Fortunato de S. Boaventura, na Memoria sobre o começo, progressos, e decadencia da litteratura Hebraica entre os Portuguezes Catholicos Romanos desde a fundação deste Reino até ao reinado dEl-Rei D. José I, inserta no t. IX (1825) da Historia e Memorias da Academia Real das Sciencias de Lisboa, não refere o nome de Mestre Eusébio, e (pp. 38-39) faz a seguinte afirmação de que não encontramos prova segura:   

«El Rei D. João III, já meditando pôr a nossa Universidade ao nivel das estrangeiras mais florescentes, fazia sustentar em Pariz 72 mancebos escolhidos, que passado tempo nos viessem trazer as erudições já vulgares naquella academia, e as ensinassem e propagassem nas escolas deste Reino. Feita a devida menção de Pedro Henriques, e Gonsalo Alvares, primeiros mestres de Hebraico nos estabelecimentos litterarios de Coimbra, e que tinhão aprendido a lingua Santa de mestres Francezes, e contado entre os grandes incitamentos para taes estudos, não só o magisterio do erudito Diogo Sigêo, que acompanhava a nossa Corte, e ensinava os Principes e Infantes, mas também a viagem que o insigne Humanista Nicolao Clenardo fez a este Reino, onde plantou de mãos dadas com João Vaseu, até em Braga, o estudo das linguas, que pouco antes nem a própria Universidade de Lisboa sabia conhecer e apreciar...».         

No principalato de João da Costa, Mestre Eusébio foi demitido do Colégio das Artes, por motivos que aquele humanista invocou no seu processo inquisitorial e Guilherme Henriques assim resume no artigo Buchanan na Inquisição, em Archivo Histórico Portuguez, vol. IV, p. 250:       


?>
Vamos corrigir esse problema