Segunda Parte - que compreende os anos que discorrem desde princípios do de 1548 até o de 1551 (III - tomo II)

ipsam Relectionem habuissem, et Clementissimus Rex noster (quae ejus humanitas est) disputationem nostram Augustissima praesentiâ suâ, et Inclyti Principis Fuji, decorare dignatus esset, Tu tanti beneficc, atque favoris partieps esse quaque voluisti, quod ut cumulatius etiam praestares, Serenissimam Principem Mariam neptem tuam ex sorore, atque Regis Sororem, una comitem tecum adduxisti. Cujus rei ut rara exempla sunt, ita quoque supra votum meum, atque praeter omnium accidit. Quis enim imquam in re literariâ gloriosior triumphus contingere potuit, quam cüm Regem cum talium Principum comitatu auditorem habuisse, quem Europa, Africa, atque Asia Triumphatorem, et Dominum agnoscit ?»

O modo como a Câmara Municipal de Coimbra deliberou receber e festejar a el-rei e ao príncipe por ocasião da sua vinda a Coimbra, consta da ata da sessão de 5 de Outubro de 1550, que passamos a copiar da fol. 84 do livro das Vereações deste ano, que se conserva no rico arquivo da mesma Câmara:

«Aos çimq° dias do mes de out de mil! e Cluinhêtos e cimq°emta anos nesta cidade de cjmbra e cam da vereação dela omde estavãm jumtos o Ld° Jorge da cunha c0r da dita cidade e o doutor Joam bajãm Juiz de fora eJoam glz castell bramq° e fr brãm denis e me leitãm e cristovãm castelo vres e bém asj semdo presemtes e jumtos os fidallguos e caval e cidadoëns da dita cidade, e amt° frz e gaspar frz prod°res dos mesteres e o vigr° e pdos xxiiij todos dos que soem de Amdar na guovernãca da terchamados p° p (por porteiro?) e syno seg° custume amtiguo da çidade (os quaes vrês e comj° abaixo seram asjnados) jumtos todos na dita camara e loguo por o dito cor Juiz e vres foy dito a todos como estavam q eles eram vindos e chamados a dita cam pdizerém e asemtarê as festas q se aviam de fazer a sua.A. e ao primcepe noso sõr e como os avyam de Reçeber nesta çidade porqmt° vynhã a ella este mes de outbr° e q por tamto todos praticasem no caso. e disesem seus pareceres porq o que se por todos assentasse se farja. e loguo todos jumtos acordarã e asemtarã depois de terem aujdo c° que suas A.A. se fosem esperar a alem de Sãm martinho do bpo em hum luguar bõm e llarguo e q o Juiz e vr e pd°r e espvão da camara vam com suas varas em corpo de cidade e com eles jram todos os fidallguos e cidadaos da dita çidade, e ao tempo de cheguarê a suas A.A.  os ditos Juiz v o espvão se deserãm e com suas varas nas maõs bejaram a maõ a suas A.A. sem out ps se mais deserë e pois o primçepe vynha a p«rimvez a esta çidade q lhe ofrecesem oyto ou dez touros e lhos desem na pradesta çidade e com jso se achasem psas nobres e omradas q qujgesem em podesem Juguar as canas omradam q as Juguasê depojs dos touros coRidos e com jso se fizesë as outras festas e praseres com q ha cidade podese.»

Dos assentos lavrados no Livro I dos Conselhos pelo escrivão do conselho-mor da Universidade Diogo de Azevedo que anteriormente transcrevemos, embora haja neles referência à pousada de D. João III em Coimbra, não consta onde ela fora.

O cronista D. Nicolau de Santa Maria na sua Crónica da Ordem dos Cónegos Regrantes (parte 2º liv. 10º, cap. 8º, p. 315) terminantemente afirma que el-rei e os que o acompanhavam foram hospedar-se, quando entraram em Coimbra, no Mosteiro de Santa Cruz. Nisto falta à verdade, e da mesma forma é inexato quando diz que a Universidade fora receber o monarca na ponte do Mondego. Eis o que refere o pouco escrupuloso cronista no lugar citado:

«No fim do triennio do P. Prior geral D. Felipe, e no anno de 1550. veio El Rey D. João III. a Coimbra com a Rainha D. Caterina, e com a Infanta D. Maria vltima filha del-Rey D. Manoel, e com o Principe D. Ioão, e com toda a Corte, e foraõ recebidos na Cidade com todas as maneiras de festas, assi de pé, como de caualo, que se poderaõ fazer; e antes de entrar na mesma Cidade, o sahio a receber na Ponte o Reytor da Vniuersidade Fr. Diogo de Murça, com prestito de Capellos, cousa que muito estimou, e festejou El-Rey de ver, e a Rainha, e na verdade faziaõ hua alegre vista todos aquelles Doutores da Vniuersidade, tomando toda a Ponte de Coimbra ao cõprido, de dous em dous, por rezaõ das cores diuersas dos capellos; os dos Theologos brancos; os dos Canonistas verdes; os dos Legistas vermelhos; os dos Medicos amarelos; os dos Mestres em Artes azuis do Céo. Foi esta entrada del Rey, e Casa Real em 6, do Nouembro do dito anno de 1550. E porque El-Rey tinha dado os seus Paços de Coimbra pera as Escolas maiores da Vniuersidade, se foi no mesmo dia a agazalhar com todas as as pessoas Reais nas Hospedarias e Casas do Mosteiro de S. Cruz. 

Quanto à aposentadoria de el-rei e dos seus em Coimbra a verdade é que no dia em que entraram na cidade, quinta-feira, 6 de Novembro, foram pousar no paço episcopal (hoje Museu Machado de Castro), que aí permaneceram até ao dia 12 de manhã e que somente neste dia passaram a hospedar-se no Mosteiro de Santa Cruz. É o que se diz na curiosa e minuciosa notícia desta vinda e estada de D. João III em Coimbra que nos dá D. Marcos da Cruz no manuscrito nº 632 da Biblioteca da Universidade a que nos temos referido.

[ XXI]                                                                                                                                                   (§ 104)

SOBRE O COLÉGIO DE S. JERÓNIMO

Vid. o vol. II, p. II, pp. 271 e seguintes destas Notícias.

[ XXII ]                                                                                                                                                (§ 105)

ADITAMENTO ÀS NOTICIAS CRONOLÓGICAS DO ANO DE 1550

São escassas as «notícias» do ano de 1550 de que Leitão Ferreira teve conhecimento, pelo que se impõem os seguintes aditamentos mais diretamente ligados à vida interna da Universidade:

a) Lentes

O doutor Ascânio Escoto, lente da cadeira de Véspera de Leis, foi mantido na regência desta cadeira, a qual lhe terminava em fins de Fevereiro de 1551, por novo período de quatro anos, pelo alvará de 9 de Dezembro de 1550. Recebia o vencimento anual de 400 cruzados (M. Brandão, Docs. cit., IV, p. 77).

Baltasar Teles foi nomeado lente da cadeira de Música, da qual tomou posse em 26 de Fevereiro de 1550 (M. Brandão, Atas cit., p. I, p. 200).

Ao doutor Bartolomeu Filipe, por alvará de 19 de Setembro de 1550, foi prorrogada por mais três anos, a contar de 1 de Outubro deste ano, a regência da cadeira de Decreto que já lia, com o vencimento anual de 100.000 réis, que era o ordenado desta cadeira (M. Brandão, Docs. cit., IV, pp. 71-72).               


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