Pedro A. de Azevedo

A Idade-Média é, desde o romantismo o signo dominante da nossa erudição histórica. Foi sob esta ascendência que Alexandre Herculano, Gama -os, Sousa Costa Lobo, Anselmo Braamcamp Freire e Carolina Michaëlis Vasconcellos viveram e João Pedro Ribeiro fundou criticamente as amadas disciplinas auxiliares que por o serem não deixam de constituir a e o índice da extensão e segurança do espírito e criação histórica.

O esforço assombroso ainda sem réplica, deste gigantesco trabalhador, há um século que domina este departamento da investigação e é na sua obra que mais ou menos diretamente se filia a tradição, lamentavelmente ténue dos nossos paleógrafos e diplomatistas.

Pedro de Azevedo, Sócio efetivo da Academia das Ciências de Lisboa e
Diretor interino da Biblioteca Nacional, vitimado subitamente por uma congestão no dia 3 de Fevereiro era na hora atual o mais ilustre e reputado representante desta tradição. A sua opinião em matéria de paleografia ediplomática fazia fé; e trabalhador incansável, ninguém como ele, depois de sousa Viterbo se devotou ao trabalho inglório mas benemérito da publicação
documentos. Todas as revistas portuguesas de erudição de há trinta anos
a esta parte o contaram como colaborador e se o seu espírito não pendeu
a criação de sínteses, raros, como Pedro de Azevedo tão dignamenteconcorreram para este ideal do trabalho histórico, dilatando as suas possi­bilidades.

O seu conhecimento dos Arquivos, em especial do Arquivo da Torre do Tombo do qual fora conservador era profundo; por isso nunca ninguém recorreu debalde aos seus generosos e desinteressados conselhos ou suges­tões Duma benevolência rara nesta sorte de trabalhadores, sacrificava o trabalho pessoal ao prazer de guiar passos incertos, já esclarecendo, já investigando ele próprio, e de tal sorte que a sua obra deve ser procurada apenas no que subscreveu, mas no vário que outros escreveram.

Pessoalmente, Pedro de Azevedo perdurará na minha saudade e gratíssima memória como um dos mais ilustres e dedicados colaboradoresda obra coletiva que planeei e ardidamente espero realizar na Imprensa da Universidade de Coimbra.

A comissão de redação de O Instituto, em cujas páginas Pedro de Azevedo publicou um dos seus últimos escritos, presta à memória do insigne erudito a mais comovida homenagem de saudade.

BIBLIOGRAFIA DE PEDRO DE AZEVEDO

ENSAIO

Pedro de Azevedo dispersou a sua colaboração por numerosas revistas e publicações. A lista adiante publicada constitui a primeira tentativa bibliográfica, porém sem carácter exaustivo. Por comodidade citaremos por abreviaturas as seguintes revistas: A. B. A. — Anais das Bibliotecas e Arquivos; A. B. A. P.— Anais das Bibliotecas e Arquivos de Portugal; A. H. — Arqueologia e História; A. H. P. — Archivo Histórico Português; A. P. — Archeologo Português; B. B. A. N. — Boletim das Bibliotecas e Archivos Nacionaes; B. C. L e B. 2. C. — respetivamente Boletim da Classe de Letras e Boletim da Segunda Classe da Academia das Ciências de Lisboa; H. C. B. — História da Colonização do Brasil; I. — Instituto; L. — Lusa; Lus. — Lusitânia; R. H. — Revista de História; R. L. — Revista Lusitana.1895

— Costumes do tempo d'El rei D. Manuel. —R. L.

— O «Dicionario Geografico» do P.' Luís Cardoso —A. R. 1896 e seguintes — Extractos archeologicos das «Memorias Parochiaes de 17 A. P.

—  As festas dos imperadores. —R. L.

— Receitas de Medicina popular portuguesa do século XVII —R. L.

—  Superstições portuguesas do século XV. — R. L.1897 e seguintes

— Estudos sôbre Troia de Setubal. — A. P.

—  Archeologia do século passado. — A. R

—  Alguns selos antigos do concelho de Santarem. —A. P.

—  Noticias antigas sobre archeologia. — A. P.

— Noticias arqueológicas colhidas em documentos do século XVIII. — A.

—   O território de «Anegia». —A. P.

—  O território do antigo Castro de Ovile. —A. R

— Superstições portuguesas no século XVI. —R. L

— Consulta a um saludador no século XVIII. — R. L.

1898 — O trovador Martim Suárez e seu filho João Martins. —R. L.

— Superstições portuguesas no século XVI. —R. L.

1899 — Superstições portuguesas no século XVI. —R. L.

1900 — Superstições portuguesas no século XVI. —R. L.

— A respeito da antiga ortografia portuguesa. R. L.

—  Do Areeiro à Mouraria. —A. P.

—Nomes de pessoas e nomes de lugares —R. L.

—  Auto duma posse do Castello de Noudar e inventário século XVI. —A. P.

1901 e seguintes — Miscellanea archeologica. —A. P.

—  Emprego supersticioso no Brasil da pedra de raio. —A. P.

—  Erecção em 1568 da freguesia da Conceição de Lisboa, e seus primitivos limites. —A. R

—   Mertola. A. R

—   Ruínas prováveis de uma anta, próximo de Aljezur. —A. R

1902 — Reparações paleográficas. —R. L.

— Noticias archeologicas. —A. R

—Documentos antigos da Beira. —R. L.

— Três documentos em português antigo. —R. L.

— Proverbios ou sentenças sôbre as mulheres. —R. L.

— A situação da Heraldica em Portugal. —A. R

— Pelos jornaes. —A. R

— Um inventário do século XIV. —A. R

1903 e seguintes — Noticias varias. —A. R

— A «Memoria» de Fr. Joaquim de Santo Agostinho sobre as moedas. —A. R

—  O Fidei-commisso de Affonso de Albuquerque (Na Graça de Lisboa).— A. H. R Os Escravos. —A. H. R

— Culpas de David Negro. —A. H. R

—A companhia da ilha do Corisco. —A. H. R

—  O Testamento da Excellente Senhora. —A. H. R

— Sebastião de Macedo, o Moço. —A. H. R

—  Projectos sobre Madagascar e Cabo da Boa Esperança em 1556. —A. H. R — Lembranças num codice do cartorio de Palmella. —A. H. P.

—  Heraldica municipal. —A. R

1904 — As Ilhas perdidas. —A. H. R

—  A Chancellaria do ducado de Cadaval. —A. H. R

—  A Marinha mercante do norte de Portugal em 1552.—A. H. R

— Testamento, em português, de D. Afonso II. —R. L.

—D. Teresa, a jograressa. —R. L.

—Documentos monetários. —A. P.

—Os archivos ecclesiasticos Da Guarda. —A. P

— As insulas nos documentos portugueses mais antigos. —A. R

— Gilles Le Hédois du Bocage (O avô do poeta Bocage). —A. H. R

—  Os de Vasconcellos. —A. H. R


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