Biblioteca Espanola de Escritores Políticos - Glosa Castellana al Regimiento De Principes de Egídio Romano. Edición, estúdio preliminar y notas de Juan Beneyto Perez, 3 vols., respetivamente de 332, 352 e 428 págs. com um suplemento de Indices correspondientes a los tres tomos. Pub. pelo Instituto d

A presente edição constitui uma valiosa contribuição para o estudo das conceções políticas da Baixa Idade Média peninsular, pois a partir das suas páginas é agora comodamente possível estudar, em extensão e profundidade a influência doutrinal do De regimine principum, de Egídio Romano (1243?-1316) em Espanha e Portugal. Pensou o Prof. Juan Beneyto que a publicação da versão castelhana desta obra, feita por Fr. Juan Garcia de Castrojeriz circa 1331-1351, por iniciativa do Bispo de Osma, D.S Bernabé, que há quem suponha ter sido português, podia ser reflexo desta influência, mas porque Fr. Juan aditara à sua versão uma Glosa reconheceu acertadamente, com o acerto da competência, que era preferível «destacar la participación de nuestra cultura en el mundo que significa y refleja el De regimine principum. Y por ahí estimé que nada mejor que la edición de su glosa, hasta ahora incorrectamente publicada en confusión con la versión y con el compendio de Egidio» (I, p. xxx).           

Organizou, assim, a presente edição, com base na ed. sevilhana de 1494 e na lição de manuscritos, especialmente do escurialense 1-h-8 e dos 10.223 e 12.940 da Bib. Nac. de Madrid, fazendo-a preceder de uma excelente introdução, na qual compendia o que mais importa ao conhecimento da vida e posição doutrinal do Doctor fundatissimus, da ressonância europeia e peninsular do De regimine principum, da personalidade de Fr. Juan Garcia de Castrojeriz e da sua tradução e glosa. Informado pelos Estudos de História de Direito (Coimbra, 1923, pp. 188-189) do Prof. M. Paulo Merêa, deu notícia das citações do De regimine principum que ocorrem na Virtuosa Benfeyturia, do Infante D.S Pedro, no Leal Conselheiro, de D.S Duarte, e na fala de D.S João I, em Ceuta, relatada por Zurara. Pelas nossas investigações viemos, porém, a apurar que aquelas citações têm por fonte a própria Glosa de Fr. Juan Garcia (Sobre a erudição de Gomes Eanes de Zurara, in Estudos da cultura portuguesa do século XV, I, pp. 104-119).

Este facto mostra claramente a influência desta Glosa no doutrinal político da «Ínclita geração» e propõe problemas novos, notadamente o da razão da preferência do De regimine principum de Egídio Romano à obra de igual título de S. Tomás de Aquino, a qual é possível que se encontre no seguinte paralelo de Giuseppe Santonastaso: «Nella... opera [de Egídio Romano], non è la teologia che sostiene la costruzione politica, è la morale, morale d'intonazione aristotelica e naturalistica. La Chiesa non è ai centro degli interessi politici dell'autore. La supremazia papale si sviluppa in tutta la società, ma si incapsula solo nel motivo religioso senza un interesse, per ora, giuridico e politico di notevole rilievo. Egidio, rispetto a S. Tommaso, in quest'opera à pià spregiudicato, ha pià indipendenza di giudizio nei rapporti della Chiesa, mentre in S. Tommaso la sudditanza alla Chiesa è procla mata apertamente. In Egidio la sovranità del Principe non trova limiti: lo Stato è aristotelicamente inteso, sufficiente in sê stesso e si giustifica con l'insufficienza dei gruppi a soddisfare i bisogni dell'uomo». (II pensiero politico di Egidio Romano, Florença, 1939, pp. 20-21). Quando se pensa que a conceção do Estado subjacente ao doutrinarismo da «Ínclita Geração» assenta na articulação dos organismos, classes, ou antes, estados, e indivíduos em relações hierárquicas de poder, compreende-se a preferência por um doutrinal que se move no âmbito da autoridade secular constituída e a manter pela educação e pela moral.


?>
Vamos corrigir esse problema