J. Cruz Costa, Augusto Comte e as origens do Positivismo, 1 vol. de 71 págs. Coleção da «Revista de História», I, São Paulo, 1951.

Depois do escolasticismo aristotélico-tomista do século XVII nenhum outro sistema de ideias atingiu em gentes de fala portuguesa o volume, a extensão e a profundidade do positivismo comteano. São dois acontecimentos que, a um tempo, prendem a atenção do historiador das ideias e do sociólogo, pois cada um deles resistiu ao embate de novas correntes e persiste à maneira dos rios que forniam deltas e cursos secundários. Em Portugal, como no Brasil, o Positivismo, em sentido geral, é ainda assaz vivo para resistir à mera consideração histórica; no entanto, a atitude historicista adquiriu no Brasil uma altura que não tem em Portugal. É disso prova eloquente o presente estudo do Prof. João Cruz Costa, da Universidade de São Paulo, pensado como introdução à «compreensão mais exata de uma doutrina que teve — ou que ainda tem, embora sob forma bem difusa — influência maior do que geralmente se supõe na história das ideias de nosso país».

Muito bem informado, na posse plena das fontes e dos escritos interpretativos de maior autoridade, especialmente na historiografia francesa, o A. fez uma síntese compreensiva, mas, como lhe cumpria, deu maior realce aos dois temas mais pertinentes à história do positivismo no Brasil: o repúdio da Metafísica pela redução do objeto da Filosofia ao objeto da Ciência, e a constituição científica da Sociologia como base de uma política positiva. Daí os três capítulos do volume: A. Comte e as origens da filosofia positiva; Origem da Política de A. Comte e Desenvolvimento da Política de A. Comte. Congratulando-nos por esta publicação, mormente pelo que ela contém potencialmente e na confiante esperança de que o A. venha a ser o historiador do Positivismo nos territórios de fala portuguesa, fazemos igualmente votos pelo progresso da Coleção da «Revista de História», fundada e dirigida pelo Prof. E. Simões de Paula e tão auspiciosamente inaugurada.


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