Novas Revistas filosóficas hispano-americanas

Do cientista e filósofo da Ciência Henry Margenau publica a tradução do estudo sobre O novo conceito do homem no seu ambiente físico. O A. mostra com precisão que o materialismo, o empirismo lógico e o existencialismo são respostas a grupos específicos de descobrimentos científicos sucessivos quanto ao tempo e implicam, cada um de per si, conceitos do homem diferentes e incompatíveis. Conclui a sua sábia e penetrante reflexão com o juízo de que a ciência moderna não coloca o ser humano no papel de espectador mas no de «participante ativo no drama da existência» e que «dará do homem uma imagem de plenitude e dignidade que até agora não havia possuído».

De Adolf Meyer-Abich, prof. de filosofia da Universidade de Hamburgo, publica a tradução de um extenso e bem pensado estudo sobre O holismo como ideia, teoria e ideologia. Ao contrário do monismo, que considera a realidade metafísica universal como una, do pluralismo, que a considera como sistema de pluralidades, o holismo, considera-a como todo. Termo posto em voga por Ian Christian Smuts (n. 1870), o holismo designa a conceção do Universo como conjunto evolutivo de totalidades, que, em séries emergentes, dão origem a novas totalidades. O A. examina os sistemas filosóficos do passado e a situação atual da Física e da Biologia à luz dos sucessivos e diferentes holismos que lhes subjazem, tendo em vista que os sistemas filosóficos têm sido e são sempre a expressão conjugada, ou antes funcional, de uma ideia metafísica, de uma teoria científica e de uma ideologia prática. Do exame conclui, dentre outras generalizações, que a conceção holista opera sempre no sentido da diminuição progressiva do transcendente e no do aumento progressivo do transcendental, bem como no da simplificação, em ordem a simplificar holisticamente a realidade superior e mais complicada na sua logicamente precedente realidade inferior e menos complicada.

Positivismo e Humanitas Ameaçada é o título do artigo do Prof. Fritz von Rintelen, da Universidade de Mogúncia, no qual examina o Positivismo sob vários aspetos e a situação espiritual atual, cujos fundamentos considera vacilantes.

Esta notável série de estudos originais termina com O problema de América (Apontamentos para uma filosofia americana), de Ernesto Mayz Vallenilla, da Faculdade de Humanidades e Educação de Caracas. Nesta penetrante reflexão sobre a razão de ser e as «autênticas possibilidades de realização» de uma autóctone filosofia americana que exprima, a um tempo, o original do espírito americano sem desvirtuar o que lhe é originário, o autor da Fenomenologia do conhecimento (vide Revista Filosófica, nº 19) examinou estes problemas, que estão como que na ordem do dia em diversos países da América de fala espanhola e portuguesa, com o rigor inerente ao método fenomenológico, em ordem ao «esclarecimento ôntico-ontológico do Homem e do Mundo americanos». São de notável finura e penetração as suas observações acerca do conceito e significado da «novidade» do Novo-Mundo, da Expectativa como raiz temperamental e fundamental do homem americano e da Ação, como elemento da originalidade, a qual «não consiste nos "métodos" nem mesmo na textura formal dos "conceitos" — mas naquilo que se ilumina "originariamente", ainda que se empreguem para tal "métodos", "noções" e "conceitos" já sabidos e perfeitamente conhecidos».

É suficiente este brevíssimo sumário para indicar a posição e a altura da atividade do Instituto caraquenho de Filosofia, cujas exigências docentes e formativas lhe asseguram uma situação privilegiada no concerto dos Institutos filosóficos da América Central e do Sul.

Revista de Filosofia de la Universidad de Costa Rica

A Faculdade de Ciências e Letras da Universidade de Costa Rica, pelo seu Departamento de Filosofia, iniciou a publicação da Revista de Filosofia, da qual é secretário o Prof. Constantino Lascaris Commeno, da Universidade de Madrid, e que ao presente exerce o magistério nesta Faculdade com elevado sentido das responsabilidades docentes e das exigências culturais do País. O número inaugural publica artigos de Rodolfo Mondolfo (La Filosofia como problemática y su continuidad historica), de Constantino Lasoaris Commeno (Mi primer testamento) e de Luís Barahona Jiménez (Notas fundamentales del hombre espafiol). Na Crónica sobressai a exposição da Vida filosófica en la Universidad de Costa Rica, que merece ser lida e ponderada pela estruturação do ensino e pelas inovações no plano de estudos.

Revista Dominicana de Filosofia

É o título do órgão oficial da Faculdade de Filosofia da Universidade de São Domingos, de Ciudad Trujillo, cuja publicação se iniciou no ano corrente e do qual já leva publicados três números. Atenta à temática dominante no continente americano, a cujas manifestações filosóficas se mostra aberta e acolhedora, dá largo quinhão à situação cultural dominicana, especialmente em ordem à formação de um pensamento próprio, orientando-a um sentido axiológico da cultura. Dos colaboradores, destacamos o professor Andrés Avelino, cujo pensamento merece ser conhecido.

Alberto Caturelli, professor de História da Filosofia Medieval na Universidade de Córdoba, Argentina, iniciou a publicação da revista Xenium, dedicada especialmente à Filosofia teórica, à História da Filosofia e, acidentalmente, à Teologia. Do seu nº inaugural destacamos os estudos de Manuel Gonzalo Casas, Ser e Duração, e do Dr. A. Caturelli, Tempo, eternidade e fim da história.


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