Egas Moniz, Conferências médicas e literárias. Vol. V, Lisboa, Portugália Editora, 1952.

Constituem este volume três conferências: duas de índole literária (O poeta João de Deus e O primeiro teatro de Júlio Dantas) e uma de estrutura histórico-científica: Contribuição da escola portuguesa para o futuro da Neurocirurgia. Todas documentam a diversidade de talentos e de dotes do Dr. Egas Moniz, aliás bem acentuados e expressos ao longo de uma obra muito variada e vasta, e de que esta série de volumes, da qual o presente é o quinto, constitui, porventura o mais flagrante e notável testemunho. Pelo assunto, é a conferência sobre a Contribuição da escola portuguesa para o futuro da Neurocirurgia que solicita particularmente a nossa atenção.

Foi escrita para ser lida em Verona, na sessão inaugural das «Giornate Mediche Internazionali» (20, VI, 1950) e nela o A. faz a história genética e desenvolutiva das duas conceções que lhe valeram fama universal e, por fim, o Prémio Nobel: a angiografia cerebral e a leucotomia pré-frontal.

Se bem recordamos, nenhum outro sábio português, salvo, em parte, Pedro Nunes no que toca ao descobrimento da loxodromia, transmitiu com tanta isenção e franqueza a génese concreta da aparição dos problemas, os pressupostos teóricos, a ideia condutora, o sucesso e o malogro das tentativas metodológicas, a quota dos seus colaboradores, e, sobretudo, a integração da conceção explicativa e dos sucessivos dados da experiência. Por isso, estas páginas, se interessam à História da Ciência não importam menos à formação e à ética do espírito científico, de que na nossa língua ficam como lição estimulante e normativa, além de serem, sob outro ponto de vista, como diz o A., o testemunho de que «a alma latina soube elevar-se mais uma vez, pelo progresso da ciência médica e bem da humanidade».


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