Apêndice

É sempre interessante procurar na infância de um grande homem as tendências afetivas e intelectuais que já deixam adivinhar, na produção literária dos primeiros anos, o futuro desenvolvimento da inteligência e da personalidade Procurámos e encontrámos no Recreio Literário, Figueira da Foz, 1 de Julho de 1903 e 9 de Abril de 1904 dois pequenos textos de Joaquim de Carvalho, estudante de 11 e de 12 anos. Sabemos também por testemunhos fidedignos que nem sempre, nos estudos secundários, foi um estudante exemplar e só depois de uma advertência paterna se tornou o aluno estudioso que viria a tornar-se, nos primeiros anos viris, o grande pensador, investigador e professor universitário.

Os dois textos que transcrevemos assinalam, o primeiro a curiosidade do espírito já voltado para os fenómenos e para o experimentalismo. O segundo texto, escrito quando Joaquim de Carvalho andava pelos doze anos, documenta-nos já o interesse do homem em miniatura pela vida da Natureza e o respeito do moço pelas avezinhas indefesas. É esta uma nota do franciscanismo universal — traço característico da personalidade de um intelectual voltado para a contemplação e para o diálogo com todos os seres vivos do cosmos. O aluno da primeira e da segunda classe (de 1903 e 1904) já revela na sua curiosidade intelectual pelas experiências e no seu amor da Natureza e dos seres inermes que a vivificam, o futuro espírito contemplativo e inquiridor, problemático e interrogativo que encontramos mais tarde nos poderosos estudos da sua Obra Completa.


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