PRÓLOGO
Nunca esquecerei as horas breves de regalo que passei em Vila Viçosa no folhear de alguns livros do Rei D. Manuel II. Conto-as entre as mais agradáveis no já aturado trato que a Boa-Fortuna me permite manter desde a adolescência com livros de vária casta, índole e feitio.
O livro, é, porventura, um dos maiores tóxicos do civilizado, envenenando-o e, sobretudo, afastando-o de si próprio e do convívio com as coisas simples da Natureza, fora das quais a simplicidade não raro faz figura de impostora. Não há dúvida, pelo menos para mim, que começo a dar-me conta da inutilidade da maior parte deles, bem entendido depois de os ter visto e percorrido, quanto mais não seja em diagonal; mas descobrem às vezes coisas agradáveis, e os de Vila Viçosa, os do Rei D. Manuel II, claro está, revelaram-me duas coisas que raras vezes se oferecem juntas. Descobri em primeiro lugar um Homem que viveu intimamente, em perfeita lealdade consigo mesmo, o juramento que prestara ao País de o servir como Monarca Constitucional e na melancolia do exílio, em vez de deixar mirrar a alma na estreiteza corrosiva do ressentimento e da desforra, procurou alegrá-la na convivência dos livros, os “amigos silenciosos, como ele próprio disse, junto dos quais se aprende a grande lição da vida”. E descobri, em segundo lugar, ou mais propriamente, conheci de visu, os livros de um bibliófilo da mais pura e devotada afeição.
Do Homem, embora seja de atrativa simpatia o eflúvio da sua personalidade, e do Monarca, não é esta a hora de falar. Não assim do Bibliófilo, que está patente e franco nas páginas dos “Livros antigos portugueses”, que deu ao prelo com requintes de bom gosto e de minúcia descritiva, e, sobretudo, nos livros que reuniu, amou e cuidou com tão extremado zelo que às vezes mais parece carícia de amante voluptuoso.
Os livros de um bibliófilo de raça nunca são os livros de um leitor que somente pretenda desenfadar-se e também não são quase nunca os do investigador erudito, que mal tem tempo para fruir o prazer vagaroso da leitura por todo se dar à indagação daquela espécie de verdades, de erros, de verosimilhanças e de ilusões, que às vezes se topam nas páginas impressas ou manuscritas e tecem com sorte vária a narrativa do Homem nas suas relações com a Terra, com o seu semelhante e com os seres ideais, como a Beleza. Têm sua “história” que lhes é própria, possuem outro sentido e existem para outros fins.
Cada livro que o bibliófilo arruma na estante, no lugar próprio da coleção, tem sempre uma “história”, às vezes movimentada e divertida como as partidas de caça, outras vezes repousada e soporífera como o chamado desporto da pesca à cana, que eu imagino ser o símbolo da união da paciência negligente ao proveito sem esforço. A conversação íntima para que eles convidam também nada tem de comum com a nomeada dos livros que andam na mão de toda a gente. Suscitam outros pensamentos e falas, e isto, com ser muito é quase nada perante a variedade das emoções, da alacridade do entusiasmo ao travo da renúncia e dos sacrifícios, que fazem de muitos deles pedaços de alma e projeção espiritual de quem os reuniu. Sejam de reis, de milionários, ou de remediados que tudo sacrifiquem ao prazer, às vezes maníaco e não raro repreensível, da posse ciumenta, ali à mão, do livro raro, do informe desconhecido, da prova decisiva que os outros buscam e ignoram, os livros dos bibliófilos nunca são os livros de toda a gente e sempre têm que contar. São sempre os livros de alguém, e como os indivíduos de gente limpa deve saber-se de onde vêm, e possuem uma genealogia, constituída pela raridade, pela sumptuosidade das encadernações ou ainda pelo pertence dos sucessivos possuidores. Oh! A deliciosa responsabilidade de afagar livros raros oferecidos por grandes nomes, com o encargo moral de os transmitir por morte a quem seja digno de os apreciar e conservar!
Os livros do Rei D. Manuel II não se furtam à lei geral. Têm, necessariamente, a sua história anedótica e para quem a conheça eles irradiam ainda o encanto que acompanha o gosto de recordar.
Tudo isto, porém, me está vedado, por desconhecer particularidades e episódios da sua aquisição. Só posso ver neles o que objetivamente mostram, ou seja, do lado do organizador, o seu amor requintado do livro, a satisfação de fruir docemente pela evocação alguns ideais e a devoção patriótica, e do lado dos escritos que reuniu, o valor histórico e a dimensão cultural.
O amor do livro é, com efeito, a primeira coisa que se desprende desta livraria. D. Manuel II foi colecionador de certas espécies de livros, e o prazer de colecionar obriga a pôr o livro raro ao lado do vulgar, mas no seu espírito o colecionador viveu subordinado à disciplina do bibliófilo amador da beleza gráfica, isto é, das edições de bom papel e das encadernações esmeradas. Claro que o amor do livro não é sinónimo do amor das letras, mas só merece o qualificativo de bibliófilo quem sabe associar o livro à encadernação, isto é, o valor intrínseco das páginas ao sinal externo do valimento, e preza nas linhas impressas o apuro da perfeição gráfica ou o fulgor que lhe emprestam certas verdades ou sentimentos.
Quem assim não procede, é bibliómano, não bibliófilo.
Sob este aspeto a sua livraria é lição educativa de bom gosto, sóbrio, fino e tão discreto que, suspeito, nenhum outro bibliófilo português se lhe compara na veneração delicada com que preservou certas páginas, mediante o jogo acertado do encaixe de duas encadernações, não só da profanação das mãos incultas como até do atrevimento dos próprios olhares inexpertos.
Amou os livros pela beleza da apresentação, a qual aliás nem sempre corresponde ao merecimento intrínseco, mas amou-os acima de tudo pelo objeto, isto é, pelos assuntos de que se ocupavam e pelo potencial de evocação que continham. Para a sua sensibilidade, os livros que assinalava como pertence valiam acima de tudo como expressão de épocas ou de acontecimentos que lhe eram agradáveis ou como portadores da centelha dos ideais que prezava e constituíam como que a estrutura da sua personalidade política e moral.
Esta é com efeito, a nota característica da sua livraria. Despendeu milhares e milhares de libras e de escudos, não para acumular livros de omni re scibili, passeando distraidamente a curiosidade pela vastidão dos saberes, mas pelo contrário, a exemplo do primeiro grande bibliófilo da sua família, D. João IV, para aumentar as fontes informativas dos assuntos que lhe interessavam. Tirante os livros de consulta e de informação histórico-bibliográfica, que atestam o cuidado com que procurava esclarecer-se e a probidade com que policiava os seus juízos e afirmações, o conjunto dos demais livros como que se reparte naturalmente pelas seguintes coleções: quinhentista, camoniana, setecentista e das lutas liberais —, ou por outras palavras mais significativas, o testemunho histórico e literário do maior século da nossa História, a expressão mais poética e universalista do sentimento pátrio, que outra coisa não são os Lusíadas, a ascensão da Casa de Bragança ao trono e a luta pela Carta Constitucional.
Há nestas devoções bibliográficas como que o símbolo do que D. Manuel II mais prezou: o reinado do Venturoso, a ponto de haver pensado em escrever a biografia do seu homónimo do século XVI, como assegura Ricardo Jorge, e a Pátria, que amou como fogo interior.
Foi pensando nesta maneira de sentir Portugal, mais pela cabeça e pelo coração que pela gana, sem aqueles rasgos e gostos que fizeram de seu Pai o mais terrantês dos Braganças, que D. Manuel II organizou a sua livraria, sem dúvida a mais notável de todas as livrarias particulares no que toca a livros portugueses do século XVI impressos em Portugal. Nascida ao calor do sentimento pátrio e crescendo sob o impulso de sentimentos que se afervoraram na meditação melancólica do exílio, ela teve o destino digno do seu egrégio criador, do pensamento que a alentou e do préstimo com que generosamente a quis dotar.
Do préstimo, com efeito, porque se os livros de D. Manuel II não chegam a constituir um instrumento completo de trabalho — e quantas livrarias públicas, em face das atuais exigências da investigação crítica, podem orgulhar-se de o serem cabalmente numa só zona do saber? — eles formam, indiscutivelmente, o mais copioso e importante núcleo de pontos de partida para o estudioso do nosso século XVI, especialmente da cultura histórico-literária e ético-religiosa da primeira metade do grande século. Há assuntos ainda não tratados condignamente pela nossa erudição cujos pontos de partida, e em parte também a informação capital, têm de ser procurados no legado benemérito de D. Manuel II.
Tais se me figuram o estudo do ensino da Gramática anteriormente à introdução dos métodos humanísticos; a estrutura e anelos da sensibilidade religiosa anteriormente ao Concílio de Trento; o ambiente cultural do Paço da Rainha D. Leonor, viúva de D. João II, sem o qual se não podem compreender alguns aspetos do teatro de Gil Vicente; a obra de alguns “ignorados” e que parecem ter sido como que mentores do seu tempo, designadamente o jerónimo Fr. António de Beja, e, finalmente, a ilustração do livro e a evolução dos recursos da arte tipográfica das nossas oficinas de Quinhentos.
Basta tão brevíssimo indículo para mostrar a imensa riqueza informativa desta livraria, sem par, sob este aspeto, com as demais livrarias. Será muito exorar os jovens estudiosos, que se sintam atraídos para os estudos severos da erudição crítica e da história das ideias, a que atentem nos “Livros antigos portugueses” do Rei D. Manuel II e deles extraiam aquela parcela de verdade ou, pelo menos, de remissão de ignorâncias, que encerram ou comportam?
A paixão dos bibliófilos do século passado pelos livros de Cavalaria — outro tema a estudar entre nós e para o qual a Livraria oferece também preciosos espécimes — foi um dos impulsos que serviu a Ciência das Letras e depurou a compreensão da própria sensibilidade medieval; será, porventura, demasiado desejar que a paixão de D. Manuel II pelos nossos livros de Quinhentos contribua para a renovação dos estudos do nosso século XVI, de uma banda, assaz pejados de lugares comuns sem fundamento, e da outra, com clareiras que urge povoar quanto antes?
A mera existência desta Livraria para sempre tornará grata a memória do seu fundador no afeto dos estudiosos portugueses. Cumpre, porém, que a incomparável benemerência se reanime com o alento que lhe deu existência e vida e se converta num instrumento ao serviço dos ideais que o seu fundador prezou.
A cultura pátria não se serve monodicamente, e quanto mais diversificadas forem as suas vozes tanto melhor para a expressão do nosso génio nacional, feito de coincidências e de contrastes, de saudades e de esperanças, de descoroçoamento e de tenacidade, de ternura e de varonia, sempre à chapada do Sol, que se gera a modorra e o suor também gera a alegria de viver e o horror saudável da soturnidade.
Não seria acaso excelente serviço divulgar em nova edição alguns dos livros únicos e dos de maior raridade existentes na Livraria e, principalmente, tornar acessível às bolsas modestas e dar prosseguimento à obra de erudição bibliográfica que D. Manuel II iniciou com a publicação dos Livros antigos portugueses e a morte lhe não deixou levar a cabo?
Isto seria o melhor preito que poderia prestar-se à memória do insigne e do mais benemérito dos bibliófilos portugueses —, dos bibliófilos, repito, que não dos colecionadores, ainda que alcancem a estatura de Monsenhor Hasse, no século XVIII, e de Aníbal Fernandes Tomás, falecido já no nosso tempo, e muito menos dos bibliómanos, com a fúria armazenista de Pereira Merelo.
Como Ricardo Jorge, em Setembro de 1933, também digo, volvidos quinze anos, “que D. Manuel II seria o primeiro a rejubilar com essa tarefa, se por fortuna vivera”. Oxalá assim possa ser, e seja!
MONUMENTOS DA CULTURA
E DA ARTE TIPOGRÁFICA PORTUGUESA DO SÉCULO XVI
EXISTENTES NA BIBLIOTECA DE D. MANUEL II
ADVERTÊNCIA
O fundo quinhentista, de origem nacional e forasteira, dos livros que pertenceram a D. Manuel II permite que deles se façam exposições de índole diversa. Podem ser apresentados em função de alguns assuntos particularizados, do desenvolvimento das artes gráficas entre nós, da raridade dos exemplares, e ainda de outros critérios mais restritos.
A presente exposição, que é a primeira realizada em Portugal e não será a última, obedeceu essencialmente ao intuito de patentear alguns dos mais notáveis livros de autoria portuguesa ou mais diretamente relacionados com a nossa cultura, em todos os ramos da atividade literária, saídos de prelos portugueses durante o século XVI.
{LUDOLPHO DE SAXONIA], FR. BERNARDO DE ALCOBAÇA, VITA CHRISTI.
Lisboa, Valentim Fernandes e Nicolau de Saxónia, 1495.
Paleótipo capital da bibliografia portuguesa; e obra preciosa pelo valor filológico, pela escassez de exemplares e pela execução gráfica.
2 ABRAHAM ZACUTO, ALMANACH PERPETUUM. Leiria, Abraham de Ortas, 1496.
Texto fundamental na história da náutica.
3 MARCA PAULO, HO LIVRO DE NYCOLAO VENETO. O TRALLADO DA CARTA DE HUO GENOVES DAS DITAS TERRAS.
Lisboa, Valentim Fernandes, 1502.
Livro famoso pelo assunto e pela apresentação gráfica.
4 OS AUTOS DOS APOSTOLOS. Lisboa, Valentim Fernandes, 1505.
Obra rara, de perfeição gráfica e valiosa para o estudo da sensibilidade religiosa da rainha D. Leonor, viúva de D. João II.
5 REGRA: STATUTOS: E DIFFINÇOÉS DA ORDEM DE SANCTIAGUO.
Setúbal, Hermão de Campos, 1509.
Livro singular pelo local da impressão e pela graciosidade das gravuras.
6 JUAN PASTRANA, GRAMATICA PASTRANE. Lisboa, João Pedro Bonhomini de Cremona, 1512.
Edição raríssima, da qual parece não haver outro exemplar, interessante sob o ponto de vista tipográfico e valiosa para a história do ensino do latim anteriormente à introdução dos métodos humanísticos.
7 LIURO E LEGÉDA DOS SATOS MARTIRES. Lisboa, João Pedro Bonhomini de Cremona, 1513.
De grande raridade.
8 ORDENAÇÕES DEL-REI D. MANUEL.
Lisboa, João Pedro Bonhomini de Cremona, 1514. De raridade.
9 BOOSCO DELEYTOSO.
Lisboa, Hermão de Campos, 1515.
Livro capital para o estudo da sensibilidade religiosa e literária e do qual somente se conhece a existência de outro exemplar na Biblioteca Nacional.
10 REC. E STATUT. DA HORDÊ DAUJS. Almeirim, Hermão de Campos, 1516.
De raridade.
11 GARCIA DE RESENDE, CANCIONEIRO GERAL. Almeirim e Lisboa, Hermão de Campos, 1516.
Obra capital na história da poesia portuguesa e que representa como que a despedida literária da nossa Idade Média.
12 CHRISTINA DE PISANO, ESPELHO DE CRISTINA. Lisboa, Hermão de Campos, 1518.
Obra valiosa para o estudo da sensibilidade moral no século XV e da problemática de então relativa à Mulher.
13 VALENTIM FERNANDES, REPORTORIO DOS TEMPOS QUE CONTEM O REGIMËTO DA DECLINAÇAM DO SOL.
Lisboa, Valentim Fernandes, 1518.
Obra raríssima, e único exemplar existente em Portugal.
Fundamental para o estudo das ideias gerais acerca da Esfera.
14 FR. ANTONIO DE BEJA, BREUE DOUTRINA E ENSINÃÇA DE PRINCIPES.
Lisboa, Germão Galharde, 1525.
Livro de suma raridade e capital para a História da preceptiva política e das ideias em que foi educado D. João III.
15 MARTINHO DE FIGUEIREDO, COMMENTUM IN PLINIJ NATURALIS HISTORIE PROLOGUM.
Lisboa, Germão Galharde, 1529.
De grande raridade; é o primeiro livro de um português em que se manifesta a metodologia filológica do Humanismo, em especial da escola de Ângelo Policiano.
16 DUARTE DE RESENDE, MARCO TULIO CICEROM DE AMICICIA. Coimbra, Germão Galharde, 1531.
De grande raridade, e de valor histórico-filológico.
17 DEUOTISSIMA EXPOSICION SOBRE EL PSALMO DE MISERERE MEI DEUS.
[Lisboa, Germão Galharde, 1532?].
De raridade, e valioso para o estudo da sensibilidade religiosa suscitada por Savonarola.
18 LIBER DE SCHOLASTICA DISCIPLINA. Lisboa, Germão Galharde, 1532.
De raridade.
19 FR. BRAZ DE BARROS, ESPELHO DE PERFEYÇAM. Coimbra, Cónegos de Santa Cruz, 1533.
De raridade, e valioso para o estudo da sensibilidade religiosa do famoso monge hieronimita, que foi reformador do Mosteiro de Santa Cruz.
20 ANDRÉ DE RESENDE, ORATIO PRO ROSTRIS PRONUNCIATA, IN OLISIPONENSI ACADEMIA.
Lisboa, Germão Galharde, 1534.
De suma raridade; pode considerar-se como o manifesto triunfal do ideal humanístico português.
21 AYRES BARBOSA, ANTIMORIA.
Coimbra, Cónegos de Santa Cruz, 1536.
Livro raro, e notável por visar diretamente o Elogio da Loucura, de Erasmo.
22 PEDRO NUNES, TRATADO DA SPHERA. Lisboa, Germão Galharde, 1537.
Obra rara, e a única que o seu insigne A. deu ao prelo em português. Os dois tratados têm lugar inconfundível na história da náutica, e o segundo, em especial, na da loxodromia.
23 ANTONIO LUIZ, PANAGYRICA ORATIO IOANNI TERTIO LUSITANIARUM REGI NUNCUPATA.
Lisboa, Luiz Rodrigues, 1539.
Obra rara, e capital para o estudo do sentimento épico que veio a encontrar expressão sublime nos Lusíadas.
24 ANTONIO LUIZ, PROBLEMATUM LIBRI QUINQUE, E OTRAS OBRAS.
Lisboa, Luiz Rodrigues, 1540.
Não vulgar, e principalmente prestante ao estudo das ideias científicas e do aristotelismo entre nós.
25 PADRE FRANCISCO ALVARES, HO PRESTE IOAM DAS INDIAS — VERDADERA INFORMAÇAM DAS TERRAS DO PRESTE IOAM.
[Lisboa], Luiz Rodrigues, 1540.
Obra capital na bibliografia portuguesa sobre a Etiópia.
26 JORGE COELHO, DE PATIENTIA CHRISTIANA. [Lisboa], Luiz Rodrigues, 1540.
Capital na história da nossa poesia latina renascentista.
27 PEDRO NUNES, DE CREPUSCULIS. Lisboa, Luiz Rodrigues, 1542.
Na estimação dos doutos, a obra máxima de Pedro Nunes, a primeira que esclareceu demonstrativamente o assunto e a que mais dilatada e perdurável fama trouxe ao nome do nosso insigne matemático, astrónomo e cosmógrafo.
28 D. JERONYMO OSORIO, DE NOBILITATE CIVILI. Lisboa, Luiz Rodrigues, 1542.
Obra capital na evolução das ideias morais do nosso século XVI e no ideário do A.
29 BOSCAN E GARCILASSO DE LA VEGA, OBRAS. Lisboa, Luiz Rodrigues, 1543.
De raridade e de grande significação histórico-literária pelo crédito que entre nós tiveram os dois poetas castelhanos.
30 FRANCISCO DE MONÇON, LIBRO PRIMERO DEL ESPEJO DEL PRINCIPE CHRISTIANO.
Lisboa, Luiz Rodrigues, 154.
De raridade, e edição primeira de um livro fundamental na história das conceções pedagógicas em Portugal.
31 DIOGO DE TEIVE, CÕMENTARIUS DE REBUS IN INDIA APUD DIUM GESTIS.
Coimbra, João de Barreira e João Alvares, 1548.
32 FERNÃO LOPES DE CASTANHEDA, HISTORIA DO DESCOBRIMENTO E CONQUISTA DA INDIA.
Coimbra, João de Barreira e João Alvares, 1551.
Obra capital na bibliografia histórica de Quinhentos.
33 JOÃO DE BARROS, ASIA.
Lisboa, Germão Galharde, 1552, 1553.
Obra capital na bibliografia portuguesa. São as duas primeiras Décadas do grande historiador.
34 SAMUEL USQUE. CONSOLACAM AS TRIBULACOENS DE ISRAEL. Ferrara, Abraham Aben Usque, 5313 [A. D. 1553].
De grande raridade, de valor filológico e com lugar inconfundível na bibliografia dos judeus portugueses.
36 RUDIMENTA GRAMMATICES.
Coimbra, João de Barreira e João Álvares, 1553.
De grande raridade e valiosa para o estudo do ensino do latim.
37 CORONICA DO CONDEESTABRE DOM NUNO ALUREZ PEREYRA. Lisboa, Germão Galharde, 1554.
Texto capital na bibliografia do Condestável.
38 DAMIÃO DE GOES, VRBIS OLISIPONIS DESCRIPTIO. Évora, André de Burgos, 1554.
Opúsculo famoso.
39 CHRISTOVÃO RODRIGUES DE OLIVEIRA, SUMMARIO É QUE SE CONTEM ALGVAS COUSAS QUE HA NA CIDADE DE LISBOA.
Lisboa, Germão Galharde, [1554].
Livro capital na bibliografia olissiponense do século XVI.
40 JOÃO DE BARROS, CRONICA DO EMPERADOR CLARIMUNDO. Coimbra, João de Barreira, 1555.
Raro, e livro valioso como expressão da atividade literária do futuro escritor das Décadas e da temática da cavalaria.
41 LOPO DE SOUSA COUTINHO, LIURO DO CERCO DE DIU. Coimbra, João Álvares, 1556.
Importante na bibliografia do famoso acontecimento.
42 AFFONSO [BRAZ] DE ALBUQUERQUE, COMMENTARIOS DE AFONSO DALBOQUERQUE.
Lisboa, João de Barreira, 1557.
Biografia notável.
43 RUY GONÇALVES, PRIUILEGIOS E PRAEROGATIUAS DO GENERO FEMININO.
[Lisboa ou Coimbra], João de Barreira, 1557.
Livro de alguma raridade, e peça valiosa na história das ideias feministas em Portugal.
44 BERNARDIM RIBEIRO, HYSTORIA DE MENINA E MOÇA. Colónia, Arnold Birckman, 1559.
Edição raríssima da famosa e admirável novela.
45 ANTONIO TENREIRO, ITINERARIO.
Coimbra, António de Mariz, 1560.
Obra capital da literatura quinhentista de viagens.
46 CARTAS DE LOS JESUITAS DE LA INDIA.
Coimbra, João de Barreira e João Alvares, 1562.
Livro valioso na história das missões da Companhia de Jesus.
47 GIL VICENTE, COPILACAM DE TODALAS OBRAS DE GIL VICENTE.
Coimbra e Lisboa, João Alvares, 1562.
Edição fundamental da obra do genial dramaturgo.
48 GARCIA DA ORTA, COLOQUIOS DOS SIMPLES, E DROGAS DA INDIA.
Goa, João de Endem, 1563.
Obra rara e capital na bibliografia científica.
49 JOÃO DE BARROS, TERCEI DECADA DA ASIA. Lisboa, João de Barreira, 1563.
MOMUMENTOS DE CULTURA E DA ARTE TIPOGRAFICA PORTUGUESA
50 D. FR. BARTHOLOMEU DOS MARTYRES, CATECHISMO. Braga, António de Mariz, 1564.
51 JOÃO BERMUDES, BREUE RELAÇÃO DA EMBAIXADA O PATRIARCHA DO IOÃO BERMUDEZ TROUXE DO EMPERADOR DA ETHIOPIA.
Lisboa, Francisco Corrêa, 1565.
Valioso na bibliografia portuguesa sobre a Etiópia.
52 CARTAS DE LOS JESUITAS DEL JAPON. Coimbra, João de Barreira e João Álvares, 1565.
Importantíssimo para o estudo das missões no Oriente e da primeira bibliografia sobre o Japão.
53 NAUFRAGIO DA NAO SANCTA MARIA DA BARCA. Lisboa, Marcos Borges, 1566.
Documento valioso da literatura trágico-marítima.
54 DAMIÃO DE GOES, CHRONICA DELREI DOM EMANUEL. Lisboa, Francisco Corrêa, 1566-1567.
Obra magna da historiografia portuguesa do século XVI.
55 DAMIÃO DE GOES, CHRONICA DO PRINCIPE DOM IOAM. Lisboa, Francisco Corrêa, 1567.
56 FR. HEITOR PINTO, IMAGEM DA VIDA CHRISTAM. Évora, André de Burgos, 1569.
Edição rara de um dos mais cativantes livros ditados pelo sentimento religioso.
57 FR. GASPAR DA CRUZ, TRACTADO DAS COUSAS DA CHINA. Évora, André de Burgos, 1570.
Capital na bibliografia luso-sínica.
58 JOHAM TAULER, DEVOTOS EXERCITIOS. Coimbra, António de Mariz, 1571.
Importante para a história da mística entre nós e da influência do famoso autor alemão.
59 D. JERONYMO OSORIO, DE REBUS EMMANUELIS GESTIS, LIBRI DUODECIM.
Lisboa, António Gonçalves, 1571.
Obra notável do famoso Bispo de Silves, primorosa na forma e que alcançou extraordinária divulgação pela Europa.
60 D. JERONYMO OSORIO, DE REGIS INSTITUTIONE. Lisboa, Francisco Corrêa, 1572.
Fundamental para a história das conceções políticas.
61 LUIS DE CAMÕES, OS LUSIADAS.
Lisboa, António Gonçalves, 1572.
Primeira edição.
62 LUIS DE CAMÕES, OS LUSIADAS. Lisboa, António Gonçalves, 1572.
Segunda edição, porventura clandestina.
63 PADRE MANUEL ALVARES, DE INSTITUTIONE GRAMMATICA. Lisboa, João de Barreira, 1572.
Texto famosíssimo na história do ensino do Latim e de extraordinária divulgação dentro e fora dos Colégios da Companhia de Jesus.
64 ANTONIO DE CASTILHO, COMENTARIO DO CERCO DE GOA E CHAUL.
Lisboa, António Gonçalves, 1573.
65 PEDRO NUNES, DE ARTE ATQUE RATIONE NAUIGANDI. Coimbra, António de Mariz, 1573.
Versão latina, com amplo desenvolvimento, dos dois tratados finais do Tratado da Esfera (1537), e nos quais Pedro Nunes se revela, a um tempo, grande sábio e grande erudito.
66 JERONYMO CORTE REAL, SUCESSO DO SEGODO CERCO DE DIU.
Lisboa, António Gonçalves, 1574.
67 PEDRO DA FONSECA, INSTITUTIONUM DIALECTICARUM, LIBRI OCTO.
Coimbra, João de Barreira, 1574.
Texto para o ensino da Dialética escrito pelo famoso Aristóteles conimbricense e que foi adotado nalguns colégios da Companhia. Sabe-se que Descartes estudou por este livro no colégio de La Flèche.
68 D. JERONYMO OSORIO, DE VERA SAPIENTIA, LIBRI QUINQUE. Lisboa, Francisco Corrêa, 1578.
Obra capital para o estudo das conceções ético-religiosas do famoso Bispo de Silves.
69 THOMAS RODRIGUES DA VEIGA, COMMENTARIJ IN LIBROS GALENI DE FEBRIUM DIFFERENTIJS.
Coimbra, João de Barreira, 1578.
Obra famosa do lente coimbrão de Medicina.
70 FR. HEITOR PINTO, IN DIUINUM VATEM DANIELEM COMMENTARIJ.
Coimbra, António de Mariz, e Salamanca, Lucas de Junta, 1582.
Obra capital na bibliografia escriturária sobre os Profetas.
71 LUIS DE CAMÕES, OS LUSIADAS. Lisboa, Manuel de Lyra, 1588 (?).
72 LUIS PEREIRA, ELEGIADA. Lisboa, Manuel de Lyra, 1588 (?).
Poema notável principalmente pelo assunto, que é a perda de D. Sebastião em Alcácer-Quibir.
73 GONÇALO FERNANDES TRANCOSO, CONTOS E HYSTORIAS DE PROVEYTO E EXEMPLO.
Lisboa, Marcos Borges, 1585.
Livro capital na literatura portuguesa paremiológica e educativa de Quinhentos.
74 [FELICIANO DA SILVA], LISVARTE DE GRECIA. Lisboa, Affonso Lopes, 1587.
75 LUDOVICUS MOLINA, CONCORDIA LIBERI ARBITRII. Lisboa, António Ribeiro e Manuel de Lyra, 1588-1589.
Obra famosa de Teologia, na qual o seu autor, que era castelhano e ensinou na Universidade de Évora, expôs a discutida conceção da scientia media.
76 PADRE LUIZ FROES, CARTA DE IAPÃO. [Lisboa], António Álvares, 1589.
Obra notável na bibliografia luso-nipónica.
77 D. FR. AMADOR ARRAIZ, DIÁLOGOS. Coimbra, António de Mariz, 1589.
Obra mestra da literatura ético-religiosa do século XVI.
78 FRANCISCO DE ANDRADA, O PRIMEIRO CERCO DE DIU. Coimbra, 1589.
79 FR. PANTALEÃO D'AVEIRO, ITENERARIO DA TERRA SANCTA. Lisboa, Simão Lopes, 1593.
Livro apreciável pela expressão literária e pelo assunto.
80 COMMENTARII COLLEGII CONIMBRICENSIS IN QUATUOR LIBROS DE COELO ARISTOTELIS STAGIRITAE.
Lisboa, Simão Lopes, 1593.
81 DIOGO BERNARDES, VARIAS RIMAS AO BOM IESVS. Lisboa, Simão Lopes, 1594.
82 FRANCISCO DE SÃ DE MIRANDA, OBRAS.
[Lisboa], Manuel de Lyra, 1595.
83 LUIS DE CAMÕES, RHYTHMAS.
Lisboa, Manuel de Lyra, 1595.
84 JOÃO BAPTISTA LAVANHA, REGIMENTO NAUTICO. Lisboa, Simão Lopes, 1595.
85 [FELICIANO DA SILVA], CHRONICA DEL PRINCIPE AMADIS DE GRECIA.
Lisboa, Simão Lopes, 1596.
Livro de alguma raridade e apreciável na nossa literatura dos romances de cavalaria.
86 DIOGO BERNARDES, O LYMA.
Lisboa, Simão Lopes, 1596.
87 FR. BERNARDO DE BRITO, MONARCHIA LUSYTANA E GEOGRAPHIA ANTIGA DE LUSYTANIA.
Alcobaça, Alexandre de Sequeira e António Alvares, 1597. Obra representativa da historiografia alcobacense.
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