Alguns trabalhos da Prof. Senhora D.Carolina Michaëlis de Vasconcellos

Poderão algumas das suas hipóteses e interpretações ser discutíveis — e bom seria que fossem discutidas; mas o que ninguém lhes poderá negar é a harmonia racional e estética.

A pessoa de D.S Carolina Michaëlis de Vasconcellos era duma inolvidável sedução. Alemã no nascimento e no sangue, prussiana no rígido sentimento moral e na conceção grave da vida, portuguesa pelo casamento, pelo afeto e pelas preocupações do gentilíssimo espírito, a sua inteligência pairou por sobre algumas das nuvens que obscurecem esta conturbada humanidade, em cujo evoluir serenamente confiava: «lentamente e dolorosamente, em linha sempre ascendente, ondulante embora, apesar do que em tempos de cataclismo como os de agora (1917) pensam os pessimistas.»

Em atribulada epístola dizia-me recentemente Arturo Farinelli que a Mestra querida «era come il respiro di un mondo di studiosi»; e nada melhor que este conceito do estupendo crítico pode definir a prodigalidade de D.S Carolina Michaëlis, cuja obra deve ser procurada não apenas no que assinou, mas no muito que sugeriu e generosamente cedeu, mais cuidadosa dos resultados, que da gloríola da autoria legal.

Portugal perdeu em D.S Carolina Michaëlis de Vasconcellos um dos mais fecundos criadores do sentimento histórico da nacionalidade. Tanto basta para que veneremos a sua memória e ardentemente desejemos que a probidade do seu exemplo não seja um episódio na nossa cultura.

Coimbra, Janeiro de 1926.


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