6. Agostinho de Campos e Vergílio Correia

Ao lado do Sr. Vergílio Correia senta-se, como seu padrinho, o nosso ilustre e prezado colega, o Sr. Dr. Damião Peres.

Naquele corpo franzino e frágil, que alma de infatigável e probo trabalhador! O seu nome todo o país o conhece e respeita pelo esforço raro de conjugar tantos homens para o monumento da História de Portugal, que quedará como um dos marcos da nossa época. Esforços desta natureza só são possíveis em quem junta à inteligência, a tenacidade, e à sedução do convite a autoridade do saber. E com efeito, Senhores, a reputação do Sr. Dr. Damião Feres edifica-se sobre a base sólida dos seus trabalhos.

Como cultor das disciplinas auxiliares da história, aí temos o Catálogo das Moedas Indo-Portuguesas do Museu Municipal do Porto, exemplarmente organizado, e a penetrantíssima dedução do epigrafista, que pela primeira vez pôs a claro e resolveu o problema cronológico dos padrões de Diogo Cão. Como historiador, o Sr. Dr. Damião Peres começou por se ocupar da Meia-Idade, particularmente do advento da dinastia de Aviz, e com tanta probidade científica que no recentíssimo estudo do marquês de Lozoya sobre El Cronista don Pedro López de Ayala y ia Historiografia Portuguesa, se louva o nosso sábio colega pela objetividade da sua crítica.

Pelo âmbito cronológico do seu primeiro grande trabalho, dir-se-ia que sofrera a influência das mensagens de João Pedro Ribeiro, Herculano, Gama Barros e Braancamp Freire, as quais fizeram da Meia--Idade o signo dominante da nossa erudição histórica. Se assim foi, só devemos louvar o nosso ilustre colega por alentar uma tradição honrada por nomes tão gloriosos, e à qual deu recentemente novo contributo com a edição da Crónica de D. Pedro, de Fernão Lopes, em cujo prefácio resolveu definitivamente o pleito sobre a fidedignidade do incomparável cronista.

Sentindo talvez a tirania desta tradição, que restringia o âmbito do historiador à Idade Média e mais ou menos relegava para a curiosidade os tempos modernos, o Sr. Dr. Damião Peres rompeu contra ela, mostrando que todas as épocas, afinal, são dignas da consideração histórica e se prestam como a Meia-Idade ao exame circunspecto e científico.      

E assim, sem a euforia romântica de Rebelo da Silva e pospondo as sínteses de Latino Coelho, o nosso ilustre colega ocupou-se de dois momentos decisivos das relações de Portugal com a Espanha: O Governo do Prior do Crato, em 1580 e A Diplomacia Portuguesa e a Sucessão de Espanha (1700-1704) e em ambos afinal ele procedeu com o rigor de quem se havia formado na disciplina e manuseio dos documentos medievais.              

Que mais posso desejar-lhe senão uma vida longa, para que o seu bom conselho assista à nossa Faculdade e das suas notáveis aptidões de professor, de trabalhador e de intelectual se desentranhem os livros e os discípulos que honrem o seu nome e a nossa Escola!       

Exmo. Senhor Reitor!   

Demasiadamente abusei da vossa atenção, para afinal pouco ou nada vos dizer dos méritos dos doutorandos. Abandonei-me à divagação, quando devia falar deles; mas já que não posso voltar atrás para recomeçar o exame objetivo das qualidades e das obras dos Ex.n" Senhores Doutores Agostinho Celso de Azevedo Campos e Vergílio Correia Pinto da Fonseca, junto a minha voz à dos seus ilustres padrinhos, que vos estão pedindo que os decoreis com as insígnias doutorais, e aos meus prezados colegas rogo que os abracem com sentimentos de fraternidade académica. 


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Vamos corrigir esse problema