Conclusão

Como definir a atitude de Gouveia? Ocorre naturalmente perguntar. 

Por estranho e paradoxal que pareça, a verdade é que Ramo e Gouveia eram animados do mesmo espírito reformador e de crítica.           

Limitando-nos apenas às Aristotelicae animadversiones, Ramo, sem originalidade, como demonstrou Bonilla y San Martin, porque «Cuanto dice en sus Aristotelicae animadversiones àcerca de la division de la Lógica, las Categorias, la Hermeneia, la modalidade de los juicios, los defectos de Aristoteles, etc., sin citar á Vives, lo habia dicho ya este», combatia Aristóteles, enquanto que o nosso compatriota, nesse estranho conflito intelectual que foi a Renascença, participou com uma nova conceção do Aristotelismo, que, muito provavelmente, não foi alheia ao desenvolvimento da filosofia portuguesa.   

A escolástica era-lhe indiferente, se é que a não ignorava, e em lugar desses áridos comentários, propunha o regresso ao verdadeiro Aristóteles.               

O seu defeito, talvez, foi o de o interpretar à luz de Cícero — o que bem se compreende pelo retoricismo da época; mas apesar disso definiu com originalidade a sua atitude, numa época em que o antigo Liceu era renovado por Teodoro Gaza, Jorge de Trebisonda, Argiropulo, Ermolao Barbaro, Pomponazzi, etc., e se digladiavam vivamente as interpretações escolásticas, alexandristas e averroístas.

Quais os caracteres desta conceção aristotélica de Gouveia? Qual a sua influência e o seu destino?

Tais são os problemas a que procuraremos responder no decurso deste trabalho.


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Vamos corrigir esse problema