São Tomás de Aquino não contesta o magistério da sapiência divina e, portanto, a interiorização do aprender, mas, na linha da filosofia aristotélica, vê na iluminação interior, em que falava Santo Agostinho, a capacidade de entender, resultante do «lume da razão» infundido por Deus na mente humana. Sendo dom divino, o lume natural, nem por isso dispensa inteiramente o magistério humano, porque o ato de entender, ou de aprender, consiste em explicitar o que está implícito, tornando atual o que é potencial.

O ensino torna-se, assim, causa eficiente ou motora da passagem do potencial ao atual, explicitando o que está implícito. Por isso, a ação do mestre humano é necessária, enquanto concorre para desenvolver e aperfeiçoar o intelecto do discípulo, analogamente, de certo modo, à do médico, cuja medicação concorre para auxiliar as forças naturais.

São Tomás distingue ainda a atividade do indivíduo que aprende da coisa que é aprendida: esta, é una e idêntica, sendo a mesma para o mestre que ensina e para o discípulo que aprende; aquela, é privativa de cada um deles, e portanto distinta no mestre e no discípulo.

João Gerson (1363-1429), mestre e chanceler da Universidade de Paris, discutido pelas suas opiniões de teologia moral e pela intervenção no concílio de Constança (1415), foi devotado catequista, dedicando particular interesse à educação da juventude, no convencimento de que a reforma da Igreja tinha de começar pelas crianças. Aos estudantes da Universidade dirigiu epístolas e recomendações para os advertir do perigo das novidades, como a doutrina de Ubertino de Casal, e de certas leituras, como o Roman de la Rose, de João de Meung; e com vista aos que iniciam os estudos redigiu vários escritos, notadamente a Doutrina, regimento das crianças da Igreja de Paris, a exposição Ao poder público sobre a corrupção da juventude pelas imagens lascivas e coisas análogas, e o tratado Sobre o modo de encaminhar os meninos para Cristo (De parvulis ad Christum trahendis).

Nesta obra, ocupa-se João Gerson, dentre outros assuntos, do ensino particular, dos obstáculos que se opõem à ação educativa, dos perigos a que está exposta a juventude, e recomenda a instituição de escolas paroquiais anexas às freguesias.