Explicação prévia

Entre os pioneiros de Arqueologia portuguesa cuja obra os nossos contemporâneos mais assiduamente consultam, assim em Portugal como no estrangeiro, distingue-se António dos Santos Rocha.

Natural da Figueira da Foz, onde em condições propícias de vida e de situação social lhe decorreu honrada e operosamente a existência (30 de Abril de 1853 -28 de Março de 1910), Santos Rocha alcançou justo prestígio como advogado, como administrador do Município e como historiador insigne da sua terra natal, que dotou com um Museu que hoje tem o seu nome, mas foram as explorações arqueológicas que conferiram à sua atividade intelectual perdurável glória e mais dilatada fama.

Ninguém o excedeu no sentido de objetividade e na exação do relato das pesquisas e explorações; por isso os seus escritos arqueológicos conservam a frescura da atualidade, como transuntos fiéis de factos, embora algumas das interpretações sejam hoje discutíveis, apesar de impregnadas de bom senso e de espírito científico.

Bastariam a exatidão e minúcia descritivas para aconselharem, pelo intrínseco valor científico e normativo, a reedição dos escritos arqueológicos de Santos Rocha, tornados raros a um tempo pela procura dos estudiosos e pela escassez das tiragens. A lição de escrúpulo e de objetividade que ministram é e será atual; mas para além dela não é de somenos considerar que a investigação do probo e esclarecido arqueólogo, que é exemplo acabado de autodidata, recaiu predominantemente em sítios pertencentes à região que Coimbra domina —, além de que é ainda de prezar o reconhecimento que a Figueira da Foz tributaria à Universidade vendo honrada por ela a memória de quem a serviu notavelmente e constitui uma das mais ilustres figuras do seu panteão local, tão digna e probamente exalçada pelo antigo Reitor da Universidade, Prof. Henrique de Vilhena, no seu elogio histórico, O Dr. António dos Santos Rocha, publicado em volume com numerosas e eruditas notas em Lisboa, em 1937.

Nesta ordem de ideias a Comissão diretora dos Acta Universitatis Conimbrigensis teve a honra de submeter ao Ex.ª— Reitor da Universidade a proposta da compilação dos estudos arqueológicos de Santos Rocha, constituída pelas Antiguidades Pré-históricas do Concelho da Figueira da Foz; Memórias sobre a Antiguidade; Estações Pré-romanas da Idade do Ferro nas Vizinhanças da Figueira; Estudo Monográfico do Castro de Santa Olaia, e Materiais para o Estudo da Idade do Cobre em Portugal.

Aprovada a proposta, autorizada pela Família do Autor a publicação e estabelecida a colaboração da Direção do Museu Santos Rocha, sai agora o vol. I, constituído pelas Antiguidades Pré-históricas do Concelho da Figueira da Foz, primeiramente publicadas na Imprensa da Universidade como «Memória oferecida ao Instituto de Coimbra», vinda a público em quatro partes: a primeira, em 1888; a segunda, em 1891; a terceira, em 1895 e a quarta em 1900.

Coimbra, 15 de Fevereiro de 1949.

A Comissão dos Acta Universitatis Conimbrigensis

M. Lopes de Almeida

Joaquim de Carvalho (Relator)


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