Discours Pathétique au sujet des calamités présentes arrivées en Portugal par le Chevalier d'Oliveira. Notícia bibliográfica

Tanto do opúsculo, que não sabemos onde se guarde um exemplar, como do Discours são bem ténues os sinais da sua repercussão no campo mais sereno das ideias. Não seria acaso uma réplica a impressão da tradução da obra do capuchinho Fr. Norberto, feita pelo culto estrangeirado, o físico João Jacinto de Magalhães: A fé dos catholicos: obra dirigida a instruir e confirmar na sua crença os catholicos, e mostrar aos que o não são que não têem razão alguma para os accusar de que vivem errados, ... Escripta pelo abbade Platel e traduzida do francez. Lisboa, 1763?

Que o Discours era absolutamente contrário à mediana mentalidade e cultura do séc. XVIII em Portugal, não é para surpreender. Desde o sentimento religioso, exacerbado com o terramoto, às ideias políticas que orientavam o Estado; desde a estrutura mental e moral da época, cimentada numa tradição de intolerância e purificação, ao tom, por vezes jocoso ou irreverente, e quase sempre panfletário do Discours —, tudo concorria para a repulsa com que foi recebido e para a conspiração de silêncio, verdadeiramente tumular, que em seu torno se fez.

Obra de sinceridade, o leitor atento nela pode encontrar aspetos interessantes do espírito de seu autor, definido no geral pelas Cartas, e, de par com algumas notícias autobiográficas, um ou outro facto não desprovido de valor para a história das ideias em Portugal.

Abril de 1922.

DR. JOAQUIM DE CARVALHO.


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