Segunda Parte - que compreende os anos que discorrem desde meados do de 1537 até fim do de 1540 (I)

Pelo Regimento de Cânones, de 13 de Outubro de 1539, Manuel Vaz leria, no inverno, da uma às duas horas, e no verão, das duas às três.             

[ XXXIV ]                                                                                                                                              (§ 94)

SOBRE ANTÓNIO SOARES

É a seguinte a referência de Aires Pinhel a António Soares, citada neste parágrafo:

«Utilitas autem et verificatio huius articuli ad praxim est quando in bonis patris aliqua extarent quae patris non essent: sicut enim extraneis tunc datur titulus et ius usucapiendi pro hae rede: it et fortius dicendum est in suis, ex sup. deductis. Quam sententiam libentius amplector, qui eam probavit ohm consummatissimus Iurecons. insignis Doct. Antonius Soarius, supremi Regii praetorii Senator dignissimus, quem Salmanticae docentem, audisse nunquam poenitebit.»

Desta referência depreendeu Leitão Ferreira que António Soares se doutorou e foi lente em Salamanca. Que foi lente, é exato; afirma-o claramente Aires Pinhel e prova-o o próprio António Soares, num trecho adiante reproduzido, assim como o historiador da Universidade de Salamanca, Esperabé y Arteaga (ob. cit., II, p. 291), o qual indica, aliás sem individuações biográficas, o licenciado Zuarez como catedrático de Instituta no ano de 1537. António Soares ensinou apenas durante alguns meses, pois em 17 de Outubro de 1537 era nomeado para a cadeira de Véspera de Leis, de Coimbra; o alvará da sua nomeação foi publicado pelo Dr. M. Brandão, nos Documentos de D. João III, vol. I, p. 46-47.

Temos, porém, por inexata a outra afirmação de António Soares se haver doutorado em Salamanca. O texto de Aires Pinhel, designando-o de Doutor, não diz que o era por Salamanca, e os termos da seguinte determinação da carta de D. João III, de 16 de Maio de 1538, ao Reitor da Universidade sobre o Regimento dos estudos, mostram claramente que tinha apenas o grau de licenciado nos primeiros tempos do seu magistério em Coimbra:

«E quãto ao q dizes por o lemte de bespora de leis nã ser doctor nã pode dar graos de bachares e licemceados E por ser determinado por meu Regimento [de 9 de Novembro de 1537], que quem ouver de dar os ditos graõs seja presidente nas Repitiçoés elle se escusa dellas por esta rezam e carega tudo sobre o doctor g[onçalo] vaaz o quall nam pode a tãto acudir pllas Rezoes que em vosa carta daes Eu ey por bem e mãdo q o Id. amtonio soarez lemte da cadeira de bespora de leis se faça logo doctor E asy ficara provido ao que dizes.» (M. Brandão, Documentos de D. João III, vol. I, p. 91).

A carta de D. João III de 7 de Janeiro de 1539 ao reitor da Universidade, confirma que nesta data António Soares ainda não se havia doutorado: «E quãto a amtonio soarez se asemtar no asemto dos meus desembargadores e dezes q se nã deve asemtar senam no lugar de licemceado e lemte como he Eu ey por bem e mãdo q os meus desembargadores q ora sam e ao diãte forem lemtes ê esa universidade se asètem no assemto dos desembargadores por suas antiguidades e preçedencias salvo se elles amte se quiserem assemtar no asento do lemte da tal cadeira ho que ficara ê sua escolha...» (M. Brandão, Documentos..., cit., vol. I, p. 131).

Finalmente, o próprio António Soares, na carta que em 9 de Maio de 1542 dirigiu a D. João III sobre a sua nomeação para a cátedra de Prima de Cânones, não se declara doutor, pois diz «que em Salamanca onde eu ouve algüas honras, por letras e experiençia de escolas: como v. a. sabe podera ter alcãçado outras m.tas següdo o tempo q despois soçedeo e a võtade q ia e aqui os estudãtes sempre tiverã para me ouvir poré eu tive esta por m.t° maior q nenhuã outra q por letras pudera aver.» (M. Brandão, Alguns documentos..., cit., pp. 55-56).

É possível que se houvesse doutorado em Coimbra; se assim foi, ignoramos a data.

Sobre a nomeação de António Soares para a cátedra de Prima veja-se a anotação ao § 58 do vol. III destas Noticias.

[ XXXV ]                                                                                                                                                                (§ 97)

Numa carta não datada do reitor D. Bernardo da Cruz para D. João III lê-se que António Soares invejava Manuel da Costa por este «ter... dous tantos ouvintes E entre o Sintil E outros...» (v. M. Brandão, Alguns documentos..., cit., p. 94). Veja-se no t. III das Noticias Chronologicas o aditamento ao § 58 (Ano de 1542).

[ XXXVI ]                                                                                                                                               (§ 116)

SOBRE MANUEL DA COSTA

Na erudita Contribución a la biografía de Manuel da Costa, «Doctor subtilis», do Prof. D. Pedro Urbano González de la Calle, publicada no vol. XI da Revista da Universidade de Coimbra (Miscelânea de estudos dedicada a D. Carolina Michaëlis de Vasconcellos), encontra o leitor abundantes e inéditos informes que dilatam notavelmente este parágrafo e, de um modo geral, a biografia do famoso lente.

[ XXXVII ]                                                                                                                                            (§ 117)

BIBLIOGRAFIA ACERCA DO MAGISTÉRIO DE MANUEL DA COSTA EM COIMBRA


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